segunda-feira, 4 de julho de 2011

Tatus e Hanseníase

          É possível que, para 12 estados do sul do Estados Unidos, o tatu esteja perdendo a imagem de animal inofensivo. Estudo traz fortes evidências de que esse mamífero com "carapaça" seja fonte transmissora de hanseníase.
          A hanseníase é marcada por lesões na pele e comprometimento dos nervos sensoriais nas extremidades do corpo. Cerca de 95% dos humanos são imunes à bactéria causadora (agente etiológico), Mycobacterium leprae. Em humanos se acometido pela doença é pouco provável, pois a aquisição do patógeno depende de fatores genéticos e da condições do sistema imune. Em fase avançada e sem tratamento adequado a doença é desfigurante. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o líder mundial em prevalência da doença.No gráfico a seguir encontra-se a somatória de novos casos detectados por região no período de 2000-2007 segundo http://portal.saude.gov.br.
          O caso tatu-hanseníase parece ter tido início quando uma série de pacientes - geralmente idosos- passaram a ser diagnosticadfps com hanseníase no sul dos Estados Unidos, país onde a doença é relativamente rara (de 150 a 200 novos casos por ano, apenas). Depois de algum mistério, os médicos perceberam que o denominador comum entre os pacientes era ter tido contato com os tatus ou ter se alimentado do animal.
          Pesquisadores analisaram 33 tatus contaminados e 50 pacientes coma doença. Em 28 animais, foi encontrada uma nova cepa (linhagem ou variante) da bactéria - nos pacientes, 26 dos 19 deles que não haviam viajado para outro pais apresentaram a nova cepa. Oito dos 26 alegaram não terem tido contato com tatus. Para os pesquisadores , isso pode ser explicado pelo fato de a doença, em muitos casos, levar anos para se manifestar - portanto, poder ser que os pacientes não se lembrem mais das situações em que o contato possa ter ocorrido.
          Aspectos da relação hanseníase-tatu são ainda misteriosos, apesar de já se saber, desde meados de 1970, que esse animal é um reservatório da doença. Como humanos adquirem a bactéria do tati, ainda não se sabe. Mas há estudiosos que suponham que a bactéria possa estar presente na "carapaça" do tatu. O trabalho não mostra que o tatu transmite a doença para o homem mas mostra fortes evidências. A baixa temperatura corporal do tatu (cerca de 32ºC) parece ser ideal para a reprodução do micro-organismo.
Mycobacterium leprae (azul)
          Em humanos, para o contágio, é preciso, em geral, o contato do micro-organismos com a mucosa ou com apele. Além disso na transmissão interpessoal o contato deve ser intimo (no mesmo ambiente) e prolongado. Nem sempre um infectado transmite para um não-infectado. A transmissão se dá por meio da saliva, espirro ou tosse e iniciado o tratamento cessa a chance de contaminação.
          O tatu pode se tornar um modelo de estudo para analisar a reprodução do parasita em tecidos de um hospedeiro. Curiosamente não há crescimento da cultura in vitro ou seja em laboratório
          Hoje, a doença é facilmente tratável com base no uso de três fármacos (Rifampicina,Dapsona e Clofazimina) e o tratamento é ambulatorial mediante prescriçãoe acompanhamento médico. É IMPORTANTE ENTENDER QUE ESSE ESTUDO MOSTRA UMA POSSÍVEL RELAÇÃO ENTRE O TATU E HANSENÍASE CONTUDO, OS TATUS NÃO DEVEM SER MALTRADOS POR ISSO. (Fonte: New England Journal of Medicine abril de 2011)

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