quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Atualize-se quanto à Aterosclerose


colesterol bem como outros lipídios são transportados nos líquidos corporais ligados a diferentes proteínas que formam a conhecidas lipoproteínas. Os dois tipos bem conhecidos do público em geral são o LDL e o HDL . O LDL também chamado de mau colesterol é uma lipoproteína de baixa densidade formada no fígado que é transportada para os tecidos. O HDL também chamado de bom colesterol é uma lipoproteína de alta densidade que é carreadora de colesterol dos tecidos para o fígado.
                        O excesso de colesterol total ou excesso de LDL pode determinar a deposição desse lipídio na parede dos vasos sanguíneos aumentando o risco de doença aterosclerótica (aterosclerose -formação de placas de ateroma). O HDL faz o transporte reverso reduzindo os níveis de colesterol no sangue e reduzindo o risco de formação de placas. Assim, se o indivíduo mantém os níveis normais de colesterol e apresentam níveis ideais de HDL e LDL tem menor risco de doenças ateroscleróticas que podem provocar obstrução dos vasos que nutrem o tecido do coração.
                        Nos últimos anos, os médicos e cientistas observaram que o LDL também é capturado por células presentes na parede dos vasos (células chamadas macrófagos). Ao ingerirem essas moléculas de LDL, essas células ficam repletas de gotículas gordurosas , como se ficassem “espumososas”. Com o transcorrer do tempo placas se estabelecem no local onde essas células se agrupam e desencadeia um processo de inflamação. Alterações podem desencadear a ruptura dessas placas resultando em formação de trombos ou coágulos no interior do vaso sanguíneo. Esse trombo desloca-se e alcança vasos sanguíneos tanto da região do cérebro quanto do coração, resultando em danos desde interrupção do fluxo de sangue (isquemia) a morte do tecido, como é o caso do infarto agudo do miocárdio procedente da obstrução dos vasos coronarianos que irrigam e nutrem o músculo do coração.
                        Assim, o controle da taxa de gorduras saturadas, insaturadas trans e colesterol sanguíneo por meio de um dieta balanceada acoplada a atividades físicas periódicas , juntamente com não fumar, perder peso (massa corporal) e redução da condição de estresse dos tempos modernos são medidas protetoras para uma vida saudável.
                        Os estudos científicos permitiram a descoberta de uma substância denominada mevastatina (estatina) que é produzida por um fungo da espécie Penicillium citrinum. Essa substância atua reduzindo os níveis de colesterol sanguíneo , ou seja, é hipolipidêmica. Seu mecanismo de ação consiste na inibição de uma enzima denominada HMG-CoA-redutase que atua a etapa inicial de produção de colesterol pelo organismo. A descoberta da mevastatina permitiu o desenvolvimento de estatinas sintéticas, que são os fármacos (medicamentos) mais vendidos na atualidade pois reduzem a taxa de colesterol sanguínea um problema que atinge uma grande parcela da população mundial e está intimamente vinculado com a ateroesclerose.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Anticoncepcional Masculino

Substância que inibe espermatozoide pode virar pílula masculina, diz estudo

Composto bloqueia proteína presente nos testículos de cobaias e homens.
Efeito sobre a fertilidade foi reversível e não houve alteração hormonal

De tempos em tempos, cientistas conduzem estudos que os fazem acreditar que a pílula anticoncepcional masculina está cada vez mais perto de se tornar real. Desta vez, pesquisadores de três universidades americanas publicaram na revista "Cell" a descoberta de uma substância que pode virar um comprimido para os homens controlarem a própria fertilidade.
Os testes foram feitos com camundongos machos, que ficaram estéreis, mas não tiveram prejuízos no desempenho sexual, nas taxas de testosterona nem no comportamento.
Além disso, os autores – do Instituto do Câncer Dana-Farber, ligado à Universidade de Harvard, da Universidade de Washington e da Faculdade de Medicina Baylor, no Texas – não observaram efeitos colaterais nos futuros filhotes.
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Camundongo (Foto: Harvard University/University of Washington/Baylor College of Medicine/Divulgação)
O novo composto, chamado JQ1, é livre de hormônios – ao contrário da pílula feminina, que costuma misturar doses de estrogênio e progesterona. A substância inibe uma proteína presente nos testículos de camundongos e homens, conhecida como BRDT, que é essencial para a fertilidade. Dessa forma, as cobaias começaram a produzir menos espermatozoides e, mesmo quando os fabricavam, eles não se locomoviam direito.
Assim que os animais pararam de fazer esse controle de natalidade, os gametas se recuperaram rapidamente e readquiram a capacidade de procriação, de forma saudável, destaca o principal pesquisador, James Bradner.
A grande dificuldade da ciência em formular um anticoncepcional masculino está justamente no fato de que as drogas precisam entrar na corrente sanguínea, chegar até os testículos e atingir as células produtoras de esperma, o que esse estudo parece prometer.
Os autores dizem que um medicamento como esse é necessário porque quase um terço dos casais americanos depende exclusivamente de métodos contraceptivos masculinos, como a camisinha. E muitas mulheres acabam engravidando de forma não planejada.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Estudo descarta miscigenação entre humanos e neandertais


Antropólogos contestaram teorias segundo as quais o Homo sapiens e os neandertais se miscigenaram, transmitido aos humanos atuais parte do legado genético de seus primos misteriosos. Os pesquisadores vão contra vários estudos divulgados ao longo dos últimos dois anos que sugerem um cruzamento entre o Homo sapiens e o hominídeo enigmático que viveu em regiões de Europa, Ásia Central e Oriente Médio por até 300 mil anos, mas desapareceu de 30 a 40 mil anos atrás.
As evidências provêm de fósseis de DNA, que demonstram que eurasiáticos e asiáticos médios partilham entre 2% e 4% de seu DNA com os neandertais, mas os africanos, quase nenhum. Mas um novo estudo feito por cientistas da Universidade de Cambridge, na Grã-Bretanha, diz que o DNA veio de um ancestral comum e não através de "hibridização" ou reprodução entre duas espécies de hominídeos.
Em publicação, na segunda-feira, no periódico americano Proceedings of the National Academy of Sciences(PNAS), Andrea Manica e Anders Eriksson, do Grupo de Ecologia Evolutiva da universidade britânica, desenvolveram um modelo de computador para simular a odisseia genética. Ele começa com um ancestral comum dos neandertais e do Homo sapiens que viveu cerca de meio milhão de anos atrás em regiões de África e Europa.
Por volta de 300 mil a 350 mil anos atrás, a população europeia e a população africana deste hominídeo se separaram. Vivendo em isolamento genético, o ramo europeu evoluiu pouco a pouco até dar origem aos neandertais, enquanto o ramo africano acabou dando origem ao Homo sapiens, que se disseminou em ondas migratórias que deixaram a África cerca de 60 mil a 70 mil anos atrás.
Segundo a teoria, comunidades de Homo sapiens que estavam geneticamente mais próximas da Europa, possivelmente no Norte da África, preservaram uma parte relativamente maior de genes ancestrais. Eles também se tornaram os primeiros colonizadores da Eurásia durante a progressiva migração "Fora da África".
Isto poderia explicar porque os europeus e asiáticos modernos têm uma semelhança genética com os neandertais, mas os africanos, não. "Nosso trabalho demonstra claramente que os padrões atualmente vistos no genoma do neandertal não são excepcionais e estão alinhados com nossas expectativas do que veríamos sem a hibridização", afirmou Manica em um comunicado.
"Assim, se qualquer hibridização ocorreu, é difícil provar conclusivamente que tenha ocorrido, deve ter sido mínima e muito menor do que as pessoas alegam agora", acrescentou. O que aconteceu com os neandertais é uma das grandes questões da antropologia.
A hibridização poderia responder a ela, ao menos parcialmente. Ao se miscigenarem com os humanos, os neandertais não teriam sido extintos pelo Homo sapiens ou pelas mudanças climáticas, como alguns argumentam. Ao contrário, os genes dos neandertais teriam se misturados no genoma da cepa dominante doHomo.
Em um estudo separado publicado na PNAS, cientistas chefiados por Svante Paabo do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva em Leipzig, Alemanha, encontraram indícios que os neandertais e os Homo sapiens se separaram entre 400 mil e 800 mil anos atrás, mais cedo do que se imaginava.
A equipe também calculou que os humanos se separaram dos chimpanzés, nosso parente primata mais próximo, entre 7 e 8 milhões de anos, antes dos 6 a 7 milhões de anos atrás, segundo as estimativas mais 

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

PARTENOGÊNESE

“Se Deus existe e tem sexo, certamente é mulher”, diz o biólogo Rodrigo Marques Lima dos Santos, entusiasmado ao ver o que os lagartos – ou melhor, os lagartos fêmeas – conseguem fazer.
Várias espécies de lagartos exibem formas surpreendentes de se reproduzirem. As fêmeas geram filhotes de modo assexuado, sem a participação de qualquer macho. São independentes, mas não são radicais: em algumas espécies, se um macho passa por perto, permitem a cópula e podem ser fecundadas. A autonomia reprodutiva chega a tal ponto que em algumas espécies só existem fêmeas, que se reproduzem de um modo assexuado conhecido como partenogênese, que parece ser mais flexível do que se pensava.
Biólogos da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), estudando diferentes aspectos da partenogênese, concluíram que alterações em um gene conhecido como c-mos poderiam permitir a transformação das células reprodutoras femininas (óvulos) em embrião, mesmo sem um espermatozoide.
Rodrigo Santos entrou na pista desse mecanismo em seu doutorado, enquanto estudava os lagartos teídeos, grupo que inclui espécies de 10 centímetros de comprimento até os teiús, de até um metro e meio de comprimento. Sem esperar, ele começou a ver mutações no gene c-mos em grupos com espécies partenogenéticas. Em 2008 ele começou a trabalhar com Andréa Balan, do LNBio, para modelar as formas da proteína produzida pelo c-mos nos lagartos e em cobras e, em conjunto, identificaram mutações em um dos quatro sítios ativos (pontos de interação) da proteína, reforçando as hipóteses iniciais.
O gene c-mos produz uma proteína que bloqueia o final da divisão celular do óvulo até a chegada do espermatozoide. A célula sexual masculina, ao fertilizar o óvulo, desativa a proteína, a divisão celular termina e um embrião se forma. A hipótese dos pesquisadores é que, quando sofre alterações, o c-mos não funciona direito e pode fazer com que o óvulo continue a se dividir, mesmo sem o espermatozoide. Eles acreditam que defeitos nesse gene poderiam atenuar o bloqueio da divisão do óvulo e permitir que outros estímulos, como hormônios, reativem a divisão celular.
Se avançar, esse trabalho poderá elucidar um dos mecanismos da partenogênese. Hoje mal se sabe como surgiram as espécies de lagartos capazes de se reproduzirem de modo assexuado – e menos ainda como elas adquiriram e mantêm essa habilidade. De acordo com a hipótese mais aceita, cobras e lagartos partenogenéticos podem ser resultado do cruzamento entre espécies próximas.
© MIGUEL RODRIGUES
Iguais por fora, geneticamente diferentes: os Leposoma percarinatum podem ser diploides...
O Leposoma percarinatum, uma das espécies encontradas no Brasil, está mostrando o alcance desse labirinto genético. Os lagartos dessa espécie, reconhecida como partenogenética em 1952, têm no máximo cinco centímetros de comprimento e vivem entre folhas nas matas de uma região ampla – da Venezuela até o norte do estado de Mato Grosso, dos Andes até o leste do Pará. Uma hipótese apresentada nos anos 1970 sugere que o L. percarinatum seria o resultado do cruzamento entre duas espécies diferentes, Leposoma guianense e L. parietale, encontradas em florestas úmidas da América do Sul.
Katia Pellegrino, da Unifesp, e Miguel Rodrigues, da USP, encontraram uma situação inusitada: as fêmeas de Leposoma percarinatum eram praticamente iguais por fora, mas apresentavam uma espantosa diferença do ponto de vista genético. Algumas fêmeas, as diploides, tinham 44 cromossomos (dois conjuntos iguais de 22 cromossomos) em cada célula, enquanto as triploides tinham 66 cromossomos (três conjuntos de 22).
“Dentro do que se supunha ser uma mesma espécie existem duas linhagens diferentes, que nos permitirão reconstruir sua história e seus mecanismos de origem”, Katia concluiu. Para ela, a variedade triploide deve ter surgido de outro evento de hibridização entre a forma diploide de L. percarinatum e L. osvaldoi, já que L. guianense não ocorre tão ao sul do país.
Às vezes surgem bichos que desfazem as explicações que estavam se formando. De uma viagem ao arquipélago de Anavilhanas, no rio Negro, Rodrigues trouxe exemplares de Leposoma guianense, e alguns indivíduos que se revelaram pertencer a um novo clone de Leposoma percarinatum e outros diferentes a ponto de representarem uma nova espécie, que ganhou o nome de Leposoma ferrerai – todos diploides, vivendo no mesmo espaço.
O calango da restinga, ou Cnemidophorus nativo, uma das poucas espécies exclusivamente partenogenéticas de lagartos brasileiros – e ameaçada de extinção –, é apenas diploide, de acordo com as análises de Santos. Encontrados nas matas do norte do Espírito Santo e do sul da Bahia, esses animais pertencem a uma família irmã à dos Leposoma, mas podem chegar a 30 centímetros de comprimento. Segundo Santos, outras espécies partenogenéticas que vivem na Amazônia, como Cnemidophorus lemniscatus e Gymnophthalmus underwoodi, parecem mesclar populações diploides e triploides.
© MIGUEL RODRIGUES
...ou triploides
Os biólogos trabalham com a possibilidade de a partenogênese não formar apenas clones da mãe, mas também permitir alguma variabilidade genética, embora menor que a da reprodução sexuada, por meio da recombinação entre os cromossomos do óvulo. “Um estudo recente mostrou que uma cobra, por partenogênese, gerou um filhote albino, indicando que há, sim, recombinação genética mesmo na reprodução assexuada”, argumenta Santos. “A origem espontânea da partenogênese, uma hipótese alternativa à teoria híbrida, não pode ser descartada em Leposoma e Cnemidophorus, uma vez que esse mecanismo já foi sugerido para exemplares de Gymnophthalmus underwoodi de Roraima”, acrescenta Katia.
Abraço indispensável
Santos cogita que o Cnemidophorus nativo possa ter um comportamento similar ao dos lagartos do gênero Aspidoscelis. Encontrados em regiões desérticas da Ásia e América do Norte, os Aspidoscelis só começam a formar embriões depois de um abraço, que os biólogos chamam de pseudocópula. Uma delas, detectando o toque ou o raspão da outra, deve ativar a liberação de hormônios que desbloqueiam o c-mos, acreditam os biólogos da USP.
“Para algumas espécies partenogenéticas do gênero Aspidosceles se reproduzirem”, comenta Santos, “a cópula entre as fêmeas é obrigatória”. David Crews e Jon Sakata, da Universidade do Texas, Estados Unidos, mostraram em 2000 que as fêmeas abraçadas apresentavam um ciclo hormonal inverso, uma com altos níveis de estrógeno, hormônio mais abundante nas fêmeas, e outra com altos níveis de testosterona, produzida mais intensamente pelos machos.
Em 2011, pesquisadores da Universidade de Kansas, Estados Unidos, conseguiram induzir a hibridação e confirmar que a reprodução sexuada pode formar uma espécie partenogenética ao cruzarem duas espécies de Aspidosceles. Fazer uma fêmea partenogenética se reproduzir em laboratório, sozinha ou sob o aconchego de outra fêmea, porém, permanece um dos sonhos dos biólogos.
Entre as 5.634 espécies de lagartos já identificadas, cerca de 40 são partenogenéticas – e geralmente vivem em regiões de florestas tropicais ou de climas desérticos da Ásia ou Oceania. “A reprodução por partenogênese resulta em uma variabilidade genética menor que a reprodução sexual, mas pode ser uma resposta adaptativa de sobrevivência a ambientes extremos”, comenta Yatiyo Yassuda, geneticista especializada em genética de lagartos que acompanha o estudo sobre as possíveis origens da partenogênese.
Na década de 1980, Yatiyo enfrentou um problema semelhante e, a muito custo, conseguiu convencer outros geneticistas de que os lagartos do gênero Tropidurus apresentavam diferenciação sexual – os machos tinham um cromossomo diferente do das fêmeas, mas, de tão pequeno, era quase imperceptível. Muitas espécies de lagartos apresentam o mesmo conjunto de cromossomos e se diferenciam sexualmente por meio de genes desconhecidos ou da variação de temperatura enquanto se desenvolvem – se mais alta, pode favorecer o desenvolvimento de embriões machos em algumas espécies ou fêmeas, em outras.
A sala de Yatiyo, onde Santos conta de seu trabalho, exibe algumas pinturas de flores, algumas figurativas, outras abstratas. “Esse foi o começo. Já pintei mais de 300 quadros depois que me aposentei”, diz ela, imaginando o sol que pretendia pintar no dia seguinte, um sábado. “Mas ainda venho para cá todos os dias.”
Clonagem induzida
“A partenogênese meiótica é uma forma de clonagem natural com algumas semelhanças à clonagem induzida para reprodução de animais de interesse comercial”, observa. Em 2004, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Jaboticabal indicaram que o etanol e o elemento químico estrôncio podem induzir os óvulos de vacas a seguir a divisão celular, funcionando como um estímulo externo análogo à célula sexual masculina.
Do mesmo modo, os óvulos de animais experimentais como a ovelha Dolly só se desenvolveram depois de terem recebido um choque elétrico, que deve desativar o c-mos. Santos acredita que a partenogênese, se puder ser regulada, poderia ajudar na pecuária ou na conservação de espécies silvestres em risco de extinção. “Os mamíferos têm mecanismos que evitam a partenogênese, como o imprinting”, observa. Outra aplicação seria médica, já que mutações nesse gene poderiam fazer os óvulos se dividir sem controle, originando tumores.
Se avançarem, os biólogos talvez encontrem respostas novas para duas perguntas básicas da biologia. A primeira: para que serve o sexo? A outra: qual a vantagem da reprodução sexuada? Segundo Santos, a reprodução sexuada exige que dois organismos se encontrem para formar filhotes, enquanto na partenogênese apenas um organismo já é o bastante para gerar outro. E nem sempre a variabilidade genética trazida pela reprodução sexuada é benéfica para as espécies, argumentam os biólogos.
“A reprodução sexuada é melhor para ambientes em transformação, com alto risco de predação e doenças, mas é ruim em ambientes estáveis e populações saudáveis, pois um indivíduo bem adaptado pode formar filhotes mal adaptados”, diz ele. “Em ambientes estáveis, a reprodução clonal, como se faz com animais de criação e plantas, resultando em filhotes com rendimento ótimo, é a mais indicada.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Origem das Aves

Uma equipe internacional de pesquisadores descreveu a primeira evidência fóssil no Brasil de um dinossauro do grupo Unenlagiidae, que pode ter sido ancestral das aves atuais. Trata-se de um exemplar de terópode, dinossauro carnívoro que andava sobre duas patas, parente do Tiranossauro rex. Uma vértebra dorsal com cerca de quatro centímetros de altura foi encontrada na região de Marília, interior de São Paulo. A descoberta foi publicada na edição de junho da revista Cretaceous Research. Segundo o artigo, o estudo desse tipo de terópode é importante para as pesquisas sobre a evolução dos dinossauros e das aves.
A vértebra indica que o dinossauro, que viveu naquela região entre 93,5 milhões de anos e 83,5 milhões de anos atrás, tinha características típicas das aves, como tamanho modesto (cerca de 1,5 metro de comprimento) e, possivelmente, penas e estruturas parecidas com asas. Estas características estão presentes em quase todos os Unenlagiidae encontrados na Argentina e em Madagascar, na África, e em outros dinossauros do Canadá, dos Estados Unidos e da Mongólia como, por exemplo, o velociraptor.
Fósseis que parecem ser da mesma espécie do terópode brasileiro já tinham sido encontrados na Argentina. Também há evidências de que ele tenha vivido onde hoje está Madagascar. “Antes dele, a maioria dos fósseis de dinossauros descobertos no Brasil era, principalmente, de animais com grande porte”, conta o paleontólogo Carlos Roberto A. Candeiro, da Universidade Federal de Uberlândia, um dos autores do estudo.
Encontrar dinossauros menores indica que havia outra cadeia ecológica naquela época. “Possivelmente, dinossauros pequenos caçavam animais menores que ainda não foram descobertos por nós”, explica Candeiro. A esperança dos pesquisadores é, em breve, encontrar mais fósseis na unidade geológica chamada Grupo Bauru, onde a vértebra foi escavada, e montar a cadeia alimentar da qual faziam parte. O achado também sugere que esses sedimentos brasileiros podem ser importantes para a compreensão da evolução de aves.

Detalhes sobre a reprodução de Cefalópodes

Em artigo de capa publicado no periódico Journal of Morphology, pesquisadores do Instituto de Biociências (IB) da Universidade de São Paulo (USP) descreveram detalhes até então obscuros do processo reprodutivo de moluscos cefalópodes, classe de animais marinhos a que pertencem os polvos, as lulas, as sépias e os náutilos.
A pesquisa foi feita com lulas da espécie Doryteuthis plei, coletadas no litoral de São Sebastião, em São Paulo, durante o doutorado de José Eduardo Amoroso Rodriguez Marian, com Bolsa da FAPESP, orientado pelo professor Osmar Domaneschi (in memoriam) e pela professora Sônia Godoy Bueno Carvalho Lopes.
“As lulas e os demais cefalópodes entram na fase reprodutiva no fim do ciclo de vida. Durante a cópula, os machos transferem seus gametas para as fêmeas por meio de um braço modificado conhecido como hectocótilo”, disse Marian.
Os espermatozoides são transferidos dentro de cápsulas chamadas espermatóforos, explicou o pesquisador. Essas estruturas são produzidas continuamente pelo macho quando ele atinge a maturidade sexual e ficam armazenadas no saco espermatofórico. A cada cópula, algumas dezenas de cápsulas são transferidas para as fêmeas.
“Já se conhecia esse processo, mas não se sabia por que os cefalópodes possuíam espermatóforos tão complexos. Para alguns autores, são as estruturas reprodutivas mais complexas do reino animal”, disse Marian.
Ao perceber a carência de trabalhos na área, Marian decidiu focar sua pesquisa de doutorado, que havia começado com tema mais amplo, no entendimento da estrutura e do funcionamento dos espermatóforos.
“Acreditava-se anteriormente que os machos desempenhavam um papel mais ativo na transferência de espermatozoides. Mas mostramos que o espermatóforo sozinho é capaz de se ancorar no corpo da fêmea, perfurar o tecido e se aderir a ele por meio da liberação de substâncias adesivas. Todo esse processo é autônomo, ou seja, realizado pelo próprio espermatóforo, e extracorpóreo”, explicou.
O espermatóforo tem três componentes principais, cada um deles com uma função diferente. “Além da massa espermática, que contém os espermatozoides, há o aparato ejaculatório, responsável pela ancoragem no corpo da fêmea e pela escarificação do tecido. Há ainda o corpo cimentante, estrutura que libera as substâncias adesivas”, disse Marian.
No artigo publicado no Journal of Morphology, Marian descreve em detalhes a chamada reação espermatofórica – processo durante o qual o aparato ejaculatório é projetado e a massa espermática e o corpo cimentante são liberados.
O tempo de duração desse fenômeno varia de acordo com a espécie. No caso das lulas estudadas, gira em torno de 30 segundos. “Mas, no caso do polvo gigante do Pacífico, cujo espermatóforo pode atingir um metro de comprimento, pode chegar a uma hora”, contou.
Para entender melhor cada etapa do processo, Marian, com auxílio de colegas do Centro de Biologia Marinha da USP, removeu os espermatóforos das lulas, engatilhou a reação espermatofórica vitro e observou o fenômeno sob as lentes do microscópio.
“O espermatóforo é uma cápsula alongada com cerca de um centímetro no caso da maioria das lulas. Em um dos ápices há um filamento. Quando esse filamento é tensionado, tem início a reação espermatofórica”, disse.
A pesquisa também deu origem a outras publicações. No periódico Acta Zoologica foi descrita uma análise morfológica detalhada do espermatóforo.
A constatação de que os espermatóforos tinham capacidade de perfurar o tecido das fêmeas rendeu um artigo no Journal of Molluscan Studies. Já na revista Papéis Avulsos de Zoologia foi publicado um outro artigo de revisão sobre o tema.
“Com base nas evidências que conseguimos reunir, desenvolvemos um modelo teórico para explicar o processo de implante de espermatóforos, fenômeno que permaneceu obscuro durante muito tempo”, contou Marian. Esse modelo foi divulgado em artigo no Biological Journal of the Linnean Society.
“Esses animais estão sempre nadando por meio de jato-propulsão e há muita turbulência na superfície de seus corpos. Isso, em teoria, dificulta a deposição de espermatóforos. O sistema de fixação por implante observado nos cefalópodes é eficiente a ponto de suportar a resistência imposta pelo modo de vida desses animais”, disse Marian.
Além do financiamento da FAPESP, o projeto contou com apoio do Programa de Apoio à Pós-Graduação (Proap) da Capes, da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da USP, da American Malacological Society e da Houston Conchology Society.
A pesquisa recebeu quatro prêmios oferecidos por sociedades de malacologia – ramo da biologia que estuda os moluscos: American Malacological Society, Houston Conchology Society, Unitas Malacologica e Sociedade Brasileira de Malacologia.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Excelente texto sobre estômatos

Barreira natural contra infecções

27/10/2006
Por Heitor Shimizu
Agência FAPESP - Estômatos são estruturas microscópicas encontradas na epiderme das folhas. Por meio deles, as plantas transpiram e realizam a fundamental – não apenas para elas, mas para todo o planeta – troca gasosa com a atmosfera. Em épocas de seca, os estômatos são fechados para conservar água. Um novo estudo acaba de fazer uma descoberta surpreendente, ao mostrar que os estômatos são essenciais para a sobrevivência das plantas não apenas pelo que já se sabia, mas também como defesa fundamental contra invasões de bactérias. Diferente de fungos, que conseguem atravessar a superfície foliar facilmente, as bactérias precisam encontrar caminhos abertos – naturais ou provocados por ferimentos – para colonizar tecidos internos. Aqui entram os estômatos, mas até agora se achava que esses poros tivessem um papel passivo e deixassem bactérias entrarem livremente no interior das plantas. Sheng Yang He, professor do Plant Research Laboratory da Michigan State University (MSU), nos Estados Unidos, desconfiava que o cenário não era bem esse.He e equipe, do qual faz parte a brasileira Maeli Melotto, decidiram investigar como os estômatos respondiam a diversos organismos causadores de doenças. Ao exporem folhas de Arabidopsis, uma planta modelo usada em pesquisa, a bactérias, verificaram que os poros se fecharam em menos de uma hora. Os estômatos se mantiveram fechados para bactérias inofensivas, mas, para surpresa dos pesquisadores, abriram três horas após a exposição ao patógeno Pseudomonas syringae. O motivo é que essa bactéria contém uma fitotoxina chamada coronatina, que induz a abertura estomatal. Ao exporem folhas a estirpes da bactéria que não produziam coronatina, os cientistas descobriram que os poros não se abriram, indicando o papel da toxina na indução da abertura estomatal. O estudo foi publicado em setembro na revista Cell, em artigo com Maeli como primeira autora. Em seguida, ganhou destaque em diversas outras publicações científicas, como as revistas Science e Nature. Na entrevista a seguir, Maeli fala a respeito das descobertas sobre o papel dos estômatos no sistema imunológico das plantas. Bióloga com mestrado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo, a pesquisadora fez o doutorado pela Michigan State University. Depois do doutorado, integrou a equipe do professor Luis Aranha Camargo, na Esalq, quando contou com apoio da FAPESP na modalidade Jovem Pesquisador em Centros Emergentes. "Em seguida, decidi por desenvolver pesquisa na MSU por essa estar entre as cinco melhores universidades norte-americanas voltadas para a agricultura", conta.


Agência FAPESP - Os srs. descobriram que o movimento dos estômatos faz parte de um sistema defensivo das plantas para a invasão de bactérias – que, diferentemente de outros organismos, como fungos, precisariam de tais passagens. Esse é um mecanismo genérico, ou seja, válido como defesa para todos os tipos de bactérias?
Maeli Melotto - Essa é uma questão muito relevante, mas, no momento, não podemos generalizar o mecanismo para qualquer outro tipo de bactéria, uma vez que o estudo foi realizado somente com Pseudomonas syringae e Escherichia coli. Mas é importante destacar que esse foi o primeiro estudo a demonstrar a importância do estômato na defesa contra bactérias. O fechamento estomatal na presença dessas duas bactérias tão diferentes sugere que esse pode ser um mecanismo comum e evolucionariamente antigo de defesa das plantas. Agência FAPESP – Quando expostos a um patógeno (P. syringae), os estômatos se fecharam, mas depois abriram. Por quê?
Maeli - Os estômatos abrem para o patógeno, pois esses desenvolveram mecanismos para combater a defesa das plantas. São o que chamamos de patógenos "bem-sucedidos". A P. syringae produz a toxina coronatina, que promove a reabertura dos estômatos. O fato de o estômato fechar a princípio ocorre porque a coronatina é produzida pela bactéria somente em contato com a planta. A síntese de coronatina demora de duas a três horas. Agência FAPESP - Mas, quando expostos a uma bactéria inofensiva (E. coli), os estômatos continuaram fechados.
Maeli - Uma explicação de por que a planta fecha o estômato para a inofensiva E. coli é que a superfície da planta não distingue uma bactéria patogênica de uma não-patogênica. A planta reconhece moléculas que são conservadas na bactéria e inicia o sistema de defesa. Realmente, a príncipio a E. coli parece inofensiva para a planta. Potencialmente, qualquer bactéria poderia ser um patógeno, mas, para isso, a bactéria teria que desenvolver mecanismos para desarmar todo o sistema de defesa das plantas. Uma das razões pela qual a E. coli não é um patógeno de plantas é porque essa bactéria não desenvolveu mecanismos para desarmar a defesa estomatal – que pode ser encarada como a primeira camada de defesa das plantas. Não podemos esquecer que as plantas têm muitas formas de defesa, sendo a defesa estomatal uma delas.Agência FAPESP - O que a coronatina provoca e o quanto ela é comum?
Maeli - A coronatina causa clorose na planta (sintoma típico da doença) e é produzida por pelo menos cinco patovares da bactéria Pseudomonas syringae. Esses patovares [termo usado para designar, dentro de uma espécie, bactérias que são patogênicas a um hospedeiro ou grupo de hospedeiro] atacam plantas diversas, tais como crucíferas [como a couve], tomate e soja.Agência FAPESP - Se muitas bactérias podem usar a coronatina, qual é a importância do sistema de defesa estomatal? Mesmo assim ele é eficiente?
Maeli - A coronatina não é produzida por muitos patógenos, mas outras toxinas produzidas por outros patógenos poderiam ter o mesmo modo de ação que a coronatina. Isso deverá ser estudado no futuro. No entanto, a produção de toxinas não é universal nas bactérias e o fechamento estomatal pode prevenir a colonização interna das plantas por muitas bactérias que existem na natureza. Acreditamos que o fechamento do estômato pode ser uma forma de defesa muito antiga da planta, evolutivamente falando. Uma maneira de manter a maioria das bactérias – e talvez fungos que penetrem pelo estômato – fora do tecido foliar. Muitos microrganismos não se adaptaram para combater essa defesa estomatal e não podem colonizar tecidos internos. A defesa estomatal poderia prevenir a entrada oportunística desses microrganismos.Agência FAPESP - Em épocas mais úmidas, com estômatos abertos por mais tempo, as plantas estariam mais vulneráveis a bactérias? Essa é uma inferência que pode ser feita?
Maeli - Sim. Na natureza, doenças bacterianas aparecem geralmente depois de chuvas fortes, indicando que as bactérias poderiam entrar livremente na planta através dos estômatos abertos devido à alta umidade, causando danos extremos à produção. Agência FAPESP - De que modo entender esse mecanismo usado pelas bactérias pode ajudar a descobrir maneiras de combater invasões patogênicas que causam grandes prejuízos à agricultura, como por Xylella ou Xanthomonas, no caso brasileiro. Podemos pensar em soluções anticoronatina, por exemplo?
Maeli - De fato, mutantes de P. syringae que não produzem coronatina são menos virulentos. Mas esse não é o único mecanismo de virulência dessa bactéria. Teoricamente, uma solução anticoronatina resolveria o problema da P. syringae, mas o mecanismo de abertura e fechamento do estômato é complexo e controlado por muitos fatores. Se o estômato foi aberto por outro estímulo, as bactérias com ou sem coronatina entram na folha causando doença. Acredito que mais efetivo seria aumentar a defesa das plantas por meio do fechamento do estômato de maneira que esse não abrisse pela ação das toxinas. No futuro, deveremos estudar como o estômato responde aos diversos estímulos aos quais está exposto na natureza, coordenando e exercendo suas principais funções na troca gasosa, transpiração e, como foi demonstrado agora nesse estudo, defesa contra patógenos. No caso da Xylella, essa bactéria entra na planta por meio do inseto vetor ou por ferimentos no tecido da planta, portanto a defesa estomatal não seria eficiente ou relevante para controlar a doença. No caso da Xanthomonas, alguns patovares, como o patógeno do tomateiro (X. campestris pv. vesisatoria), entram pelo estômato. A defesa estomatal poderia ser efetiva contra esse patovar por exemplo. Outros patovares de Xanthomonas entram na planta por hidatódios [poros nas extremidades das folhas].Agência FAPESP - Qual é a próxima etapa da pesquisa de seu grupo?
Maeli - Pretendemos estudar mais detalhadamente os componentes moleculares envolvidos na defesa estomatal. Queremos entender como a coronatina age para desarmar a defesa estomatal e se essa defesa é efetiva contra outras bactérias patogênicas que entram na folha, principalmente pelo estômato.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Sobre hormônios

Hormônio feminino é fundamental na fertilidade masculina

01/08/2012
Por Karina Toledo
Agência FAPESP – Uma pesquisa feita na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revelou que o hormônio feminino estrogênio também desempenha papel fundamental na fertilidade masculina. A descoberta ajuda a entender alguns casos de infertilidade de causa até então desconhecida e abre caminho para novos tratamentos.
“O nível de estrogênio na corrente sanguínea do homem é mais baixo que o circulante na mulher. Mas, quando se analisam os órgãos do sistema reprodutor masculino, o teor é até mais alto que o existente na mulher. Queríamos entender qual era a importância desse hormônio nesses órgãos”, conta Catarina Segreti Porto, coordenadora da pesquisa financiada pela FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Projeto Temático.
Ao analisar material extraído do testículo de ratos, os pesquisadores descobriram a existência de três diferentes receptores de estrógenos nas células responsáveis pela manutenção da produção do espermatozoide – as chamadas células de Sertoli.
“Essas células proliferam apenas em uma determinada fase do desenvolvimento que ocorre antes da puberdade. E esse processo é o que vai determinar a quantidade de espermatozoides que o indivíduo produz na idade adulta. Quanto mais células de Sertoli, portanto, maior o número de espermatozoides”, explicou Porto.
Um dos receptores descobertos pelos cientistas – conhecido na literatura científica como receptor de estrógeno alfa – é justamente o responsável por estimular a proliferação das células de Sertoli.
“Alguns casos de infertilidade masculina não têm relação com a falta de testosterona, de outros andrógenos ou de seus receptores. A explicação para esses casos pode ser falhas na produção de estrogênio ou no funcionamento desse receptor alfa”, disse Porto.
Os pesquisadores também demonstraram a existência do receptor de estrógeno beta, que tem a função antiproliferativa nas células de Sertoli e está expresso em maior quantidade no período que antecede a puberdade.
O terceiro receptor encontrado é conhecido como GPER e tem a função de inibir o processo de apoptose das células de Sertoli, ou seja, é responsável por manter as células vivas.
“Esse receptor foi descoberto recentemente em pesquisas sobre câncer de mama e ainda não se tinha certeza se ele estava presente apenas em situações patológicas. Agora, mostramos que ele também tem função na sobrevivência de células normais”, disse Porto.
A pesquisa foi feita com células extraídas do testículo de ratos com 15 dias de idade, período em que o processo de proliferação começa a diminuir.
“No futuro, poderemos pensar em ferramentas farmacológicas que seletivamente interajam com cada um desses receptores. Mas antes precisamos investigar melhor a expressão desses receptores nas diferentes fases de desenvolvimento do animal e descobrir em que momento é possível intervir para garantir no adulto uma produção de espermatozoides normal”, disse Porto.
Os resultados dessa linha do Temático já deram origem a quatro artigos – dois publicados na revista Biology of Reproduction, um na Spermatogenesis e outro nos Arquivos Brasileiros de Endocrinologia e Metabologia.
Câncer de próstata
Em outro braço do projeto também coordenado por Porto, os cientistas investigaram se a presença do estrogênio e de seus receptores no sistema reprodutor masculino também teria influência sobre o câncer de próstata.
“Sabemos que os hormônios masculinos ou andrógenos estimulam a proliferação das células malignas, tanto que um dos principais tratamentos para o câncer de próstata é justamente a castração cirúrgica ou farmacológica”, disse Porto.
Cerca de 85% dos pacientes com câncer prostático respondem bem ao bloqueio dos hormônios andrógenos e o tumor para de se desenvolver, mas, dois ou três anos após o tratamento, uma parcela significativa tem recaída. “Para esses casos de câncer resistente à castração ainda não existe tratamento efetivo. Eles progridem e causam metástase”, disse Porto.
Ao analisar linhagens de células de câncer prostático resistentes à castração, os pesquisadores da Unifesp verificaram que os receptores de estrógeno alfa e beta também estavam presentes.
“Esperávamos encontrar esses receptores, uma vez que o estrogênio também é produzido na próstata, mas o surpreendente foi verificar que nas células cancerígenas eles estavam localizados fora do núcleo. Já nas células normais, mais de 90% dos receptores ficam dentro do núcleo”, contou a pesquisadora.
Quando os receptores estão fora do núcleo celular, eles se tornam capazes de ativar mais rapidamente várias vias de sinalização celular envolvidas com proliferação, sobrevivência e migração celular.
“Mostramos que a ativação do receptor beta leva ao aumento da proteína beta-catenina, que tem múltiplos papéis no desenvolvimento do tumor. Esses estudos ainda estão em andamento, mas sugerimos que o estrogênio e seus receptores podem ter um papel na progressão do câncer prostático resistente à castração”, disse Porto.
Os dados preliminares foram apresentados no The Endocrine Society’s 94th Annual Meeting, realizado em Houston, Estados Unidos, em junho.
Artigos:

sábado, 7 de julho de 2012

Fábrica vai produzir 16 milhões de mosquitos por mês em Juazeiro

 


O mosquito da dengue, geneticamente modificado, será produzido em larga escala numa fábrica que será inaugurada hoje, em Juazeiro, para tentar reduzir a espécie. Quando estiver operando, a unidade terá capacidade de fabricar quatro milhões de mosquitos machos por semana.
Eles serão lançados em Jacobina, cidade de 79 mil habitantes, também localizada na Bahia. Uma vez livres, os machos modificados se comportam como os que já existem na natureza: procuram uma fêmea para perpetuar a espécie. A diferença é que o mosquito produzido na fábrica baiana carrega um gene responsável pela morte das larvas, que nunca chegarão à fase adulta.
Em Juazeiro, há uma fábrica menor, capaz de produzir toda semana 12 milhões de machos de uma espécie de mosca que causa prejuízos à fruticultura no Vale do São Francisco. A fábrica é operada pela Moscamed, uma organização social ligada ao Ministério da Agricultura e ao governo da Bahia. Ela também já tem uma produção menor de mosquitos da dengue — 500 mil por semana — que vêm sendo liberados desde 2011 em dois bairros de Juazeiro. Os resultados foram promissores, com uma redução de 90% da população do mosquito.
O pedido para soltar os mosquitos em Jacobina já foi encaminhado à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e, segundo o diretor da Moscamed, professor de genética da Universidade de São Paulo, Aldo Malavasi, deverá ser aprovado nos próximos meses, quando a fábrica ainda não estará funcionando plenamente. Mas tanto Malavasi como Margareth Capurro, pesquisadora da USP que coordena o projeto, destacam que no momento não é possível falar em erradicação do mosquito.
— A erradicação é extremamente difícil e trabalhosa. Essa tecnologia é uma ferramenta a mais no combate à dengue — disse Malavasi.
Também é cedo para falar no uso dessa técnica em outros lugares. Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, primeiro é preciso avaliar o resultado do teste em Jacobina:
— É importante acompanhar por um período mais prolongado, numa cidade, considerando a característica variável dos bairros.
A fábrica tem 720 metros quadrados de área e consumiu R$ 1,7 milhão. O Projeto Aedes Transgênico (PAT) é desenvolvido em parceria com a USP e a empresa britânica Oxitec, com ajuda do governo da Bahia.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

As rochas vivas de Abrolhos

As águas mornas que banham a região de Abrolhos, no sul da Bahia, guardam o maior banco de algas calcárias do mundo. Em uma área de quase 21 mil quilômetros quadrados, semelhante à do estado de Alagoas, o fundo do oceano é rochoso. Está coberto por esferas duras de tamanhos variados – as maiores têm o diâmetro de uma bola de futebol de salão – e cores que vão do castanho ao rosa. Essas esferas são nódulos de calcário depositado por algas vermelhas de milímetros de comprimento que vivem em sua superfície. Também conhecidas como rodolitos, essas estruturas criam um ambiente com reentrâncias e saliências que servem de abrigo para peixes, crustáceos e invertebrados. Mapeado agora por pesquisadores brasileiros, o banco de rodolitos de Abrolhos se estende do norte do Espírito Santo ao sul da Bahia e produz 25 milhões de toneladas de calcário por ano ou 5% da produção global desse mineral, usado na agricultura, na indústria de cosméticos e até na medicina.
“Os rodolitos são chamados vulgarmente de rochas vivas por causa das algas que formam seu exterior”, conta Gilberto Menezes Amado Filho, biólogo do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, um dos autores do mapeamento publicado em abril na PLoS ONE. Junto com o calcário produzido por corais e moluscos com concha, eles contribuem para a formação do fundo do oceano. “Parte da plataforma continental brasileira é resultado de crescimento calcário ocorrido nos últimos 18 mil anos”, explica.
Com a aparência de seixos, que ganham ao rolarem arrastados por correntes marinhas, os rodolitos se formam pela aglomeração de pequenas algas que crescem umas sobre as outras ou incrustadas em fragmentos de concha ou grãos de areia. Eles aumentam de tamanho à medida que seu esqueleto, rico em carbonato de cálcio (CaCO3), mineraliza. Os rodolitos de Abrolhos têm em média 5,9 centímetros de diâmetro – os maiores chegam a 14 centímetros – e crescem pouco mais de um milímetro por ano. Foram encontrados a profundidades que variavam de 20 metros a 110 metros, com cerca de metade da superfície coberta por algas de uma ou mais espécies – em Abrolhos foram identificadas seis. Nesse trecho da costa, os rodolitos ocupam 70% do fundo marinho (o resto é sedimento) e, segundo as datações, os mais antigos têm por volta de 8 mil anos.
Sabia-se dos rodolitos do litoral brasileiro desde os anos 1970, mas não se imaginava que ocupassem tal extensão. Em projetos coordenados pelo Instituto Ocea-nográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP), pela Conservação Internacional do Brasil e pela Universidade Federal do Espírito Santo, pesquisadores mapeavam o fundo do mar naquela região entre 2007 e 2011 quando perceberam estar diante de algo importante. “Na medida em que nos demos conta de estar diante de um grande banco de rodolitos, passamos a direcionar esforços para compreender a diversidade associada a eles e o papel funcional desse ecossistema”, conta Amado Filho.
Após o mapeamento por sonar, os pesquisadores usaram dois robôs submarinos para avaliar a distribuição, extensão, composição e estrutura do banco. “Usamos os robôs para analisar as áreas mais profundas e detalhar os pontos relevantes”, conta Paulo Sumida, do IO-USP. Numa terceira etapa foram realizados mergulhos para a coleta de exemplares e a realização de experimentos para estimar a produção de carbonato de cálcio.
Há bancos de rodolitos em todos os oceanos. Os mais extensos estão, além do Brasil, na costa do México e da Austrália. Eles são importantes para a vida de outros organismos por servir de abrigo e proporcionar um ambiente mais rico biologicamente do que um fundo de areia. “Eles funcionam como corredores entre recifes de corais, facilitando a migração de lagostas e peixes”, diz Amado Filho.
Do ponto de vista ambiental, os rodolitos têm ainda outra função importante: ajudam a retirar carbono da atmosfera, influenciando a regulação do clima do planeta. Eles absorvem o gás carbônico (CO2) diluído na água e o transformam em calcário, mas estão ameaçados pelas atividades humanas. A maior ameaça é o aumento da acidez do mar, consequência da elevação dos níveis de CO2 na atmosfera – em boa parte por queima de combustíveis fósseis. “Um terço do carbono emitido por atividades humanas e adicionado à atmosfera é absorvido pelos oceanos”, diz Amado Filho. “Estima-se que até o fim do século, o pH da água do mar diminua 0,4 unidade, tornando-a mais ácida. Estruturas carbonáticas de recifes, atóis e bancos de rodolitos serão dissolvidas.” Essa mudança também deve reduzir a calcificação dos organismos marinhos em 40%.
“Em geral os recifes de corais concentram as atenções, mas agora se sabe que o Brasil tem essas outras fábricas de carbonato de cálcio de vital importância para a biodiversidade marinha”, comenta o biólogo Jason Hall-Spencer, da Universidade de Plymouth, Inglaterra. “Essas algas coralinas estão entre os organismos calcificantes que parecem mais sensíveis à acidificação dos oceanos.”
Outra ameaça aos rodolitos de Abrolhos é a exploração econômica do calcário. Como são fáceis de coletar, há empresas que os usam como fonte do mineral. Além de calcário, eles contêm quantidades variáveis de outros elementos químicos (ferro, manganês, bromo, níquel, cobre, zinco e molibdênio) usados na agricultura, nas indústrias dietética e de cosméticos, na nutrição animal e no tratamento da água.
“Os rodolitos estão em águas rasas, com 20 a 110 metros de profundidade, e têm um formato que facilita a extração em grande escala”, diz Rodrigo Leão de Moura, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que participou do levantamento. “Além disso, são sensíveis à qualidade da água do mar, que vem sendo afetada pelo mau estado de conservação das bacias hidrográficas”, acrescenta. Embora tenham uma parte viva, os rodolitos não são recursos renováveis. “São necessários milhares de anos para os rodolitos se formarem e criarem um banco expressivo como o recém-descoberto”, explica Moura. Ante essas ameaças, os pesquisadores afirmam que é preciso aumentar a proteção com a criação de áreas protegidas, a recuperação das margens dos rios e o controle de efluentes. “Dos 46 mil quilômetros quadrados do banco de Abrolhos”, alerta Sumida, “só 2% estão protegidos por unidades de conservação”.
Artigo científico
AMADO-FILHO, G.M.; MOURA, L. R. et al. Rhodolith beds are major CaCO3 bio-factories in the tropical south west Atlantic. PLoS ONE. v. 7(4). abr. 2012.

Paladar profundo

O estômago e o intestino são dotados de células nervosas capazes de detectar sabores como a língua. Em sua coluna de dezembro, Roberto Lent mostra como descobertas recentes da neurociência têm ajudado a desvendar seu funcionamento.
Por: Roberto Lent
Publicado em 25/12/2009 | Atualizado em 25/12/2009
Paladar profundo
'O comedor de feijões', tela pintada no fim do século 16 pelo italiano Annibale Carracci (1560–1609).
Paladar no intestino? Ninguém merece! Esta talvez seja sua reação ao saber que a mucosa intestinal apresenta sofisticados mecanismos de detecção de sabores e até mesmo de cheiros.
Tudo começou há várias décadas, quando se descobriu que as paredes do estômago e do intestino hospedam uma rede de neurônios com uma complexidade de causar inveja a qualquer medula espinhal. Seriam dezenas de milhões de neurônios, segundo as estimativas, formando um conjunto de circuitos com células excitatórias e inibitórias, substâncias químicas neurotransmissoras, hormônios, células gliais de apoio, sinapses entre os prolongamentos dos neurônios e muito mais.
Essa complexa rede impressionou os neurocientistas a tal ponto que ela passou a ser chamada sistema nervoso entérico.

Um cérebro no intestino

O sistema nervoso entérico, com toda essa organização complexa, não parece realizar funções de tão alta complexidade: ele se responsabiliza ’apenas’ por promover os movimentos de mistura e propulsão do bolo alimentar e a secreção de hormônios, enzimas e outras substâncias que participam da digestão.
’Apenas’ entre aspas, porque esses movimentos têm uma velocidade e uma direção que deve ser bem regulada: para frente em um vaivém vagaroso, de modo a facilitar a digestão, ou para trás, explosivamente, quando é preciso eliminar por meio do reflexo do vômito alguma coisa que não ’caiu bem’. De qualquer modo, tarefas simples, se comparadas com as do sistema nervoso central.
Há que se detectar a natureza das substâncias químicas que entram misturadas aos alimentos ingeridos
No entanto, se as tarefas ’de saída’ são simples, o mesmo não se pode dizer das informações ’de entrada’, ou seja, aquelas que chegam ao intestino. Há que se detectar a natureza de cada uma das inumeráveis substâncias químicas que entram misturadas ao alimento que ingerimos: proteínas, carboidratos, gorduras de vários tamanhos e tipos, moléculas pequenas como as vitaminas, gases produzidos pela digestão, ácidos, bases, diminutos íons.
Há também que se sentir a temperatura do bolo alimentar, ’perceber‘ o grau de estiramento do estômago e do intestino quando recebem o alimento, detectar se o indivíduo (e com ele o seu trato gastroentérico) está deitado, sentado ou em pé. É também preciso detectar substâncias irritantes ou tóxicas que possam ter sido ingeridas e causem dor, ardência e outras sensações desagradáveis. E relacionar tudo isso com as concentrações sanguíneas de compostos como a glicose, os ácidos graxos, as vitaminas, os íons que determinam o pH, e assim por diante.

Receptores do paladar na mucosa gastroentérica

A complexidade sensorial da parede gastrointestinal levou os pesquisadores a prever que deveriam existir, nesse local, células receptoras especializadas na detecção química de todas essas substâncias. Essas células deveriam estar posicionadas na superfície interna do estômago e do intestino, para ter fácil contato com o bolo alimentar. E dispor de uma maquinaria molecular capaz de prover os mecanismos de detecção dos estímulos.
 
Várias células com essas características foram identificadas, mas as mais estudadas foram as chamadas células enteroendócrinas. A surpresa foi constatar que essas células se comportam como as células gustatórias do paladar, na língua.
Nesse trabalho destaca-se o grupo de neurofisiologistas liderados por Paul Bertrand, na Universidade de New South Wales, em Sydney, Austrália. Esse grupo empregou técnicas avançadas de estudo com pequenos segmentos de intestino de diferentes animais, inclusive seres humanos, e mesmo agrupamentos de poucas células enteroendócrinas investigadas por meio de micropipetas capazes de detectar quantidades muito pequenas de moléculas secretadas para o meio externo.
A primeira informação que se obteve é que essas células têm o physique du rôle, isto é, apresentam pequenos e numerosos ’pelos’ (microvilosidades) na face interna do intestino – bem situados para alojar quimiossensores para as substâncias relevantes –; e grânulos densos na parte mais próxima dos terminais nervosos – bem posicionados para armazenar transmissores químicos e, por meio deles, transmitir informações para os nervos que se comunicam com o sistema nervoso central.

Os mecanismos moleculares do ‘paladar intestinal’

Na busca dos mecanismos moleculares de sinalização química das células enteroendócrinas, o que mais surpreendeu foi encontrar quase todos os elementos das células gustatórias da língua. Constatou-se, por exemplo, a presença, nas microvilosidades, das mesmas moléculas receptoras do paladar adaptadas para detectar o sabor doce da glicose, ativando as mesmas vias bioquímicas intracelulares. O intestino, assim, diferencia a sobremesa do prato principal!
O intestino diferencia a sobremesa do prato principal!
Nos grânulos encontraram-se neurotransmissores excitatórios como a serotonina e inibitórios como o ácido gama-aminobutírico, neuropeptídeos como a neurotensina e a somatostatina, e hormônios como a orexina e a grelina. Um verdadeiro arsenal de comunicação neuroquímica.
Usando as micropipetas, o grupo de Bertrand demonstrou a liberação de serotonina produzida pela ação de nutrientes e sua ação nos terminais nervosos situados próximo às células enteroendócrinas, dentro do sistema nervoso entérico. E, finalmente, nos terminais encontrou-se abundante presença de receptores moleculares para a serotonina, como ocorre nas sinapses do sistema nervoso central.
Célula gustatória e célula enteroendócrina - comparação
A maquinaria molecular das células enteroendócrinas (à direita) é muito semelhante à das células receptoras da língua (à esquerda).
O circuito então se fechou: há receptores do paladar na parede intestinal e um verdadeiro cérebro capaz de processar informações e emitir reflexos digestórios.
Não pense, no entanto, que os receptores profundos do paladar permitem algum tipo de percepção consciente de sabores. Para nos deliciarmos com o paladar de uma boa feijoada, ainda é necessário utilizar o bom e velho recurso de colocá-la na boca em pequenas porções, e mastigar, mastigar, mastigar lentamente para só então engolir e deixar ao intestino a tarefa de lidar com a digestão. O prazer começa antes.


Roberto Lent
Instituto de Ciências Biomédicas
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Sugestões para leitura:

O. Mace e colaboradores (2007) Sweet taste receptors in rat small intestine stimulate glucose absorption through apical GLUT2. Journal of Physiology, vol. 582:379-382.

Z. Kokrashvili e colaboradores (2009) Release of endogenous opioids from duodenal enteroendocrine cells require TRPM5. Gastroenterology, vol. 137:598-606.

P.P. Bertrand (2009) The cornucopia of intestinal chemosensory transduction. Frontiers in Enteric Neuroscience, publicação eletrônica 1: 3. doi:10.3389/neuro.21.003.2009.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Velhos Neurônios, Novos Truques Células cerebrais podem nos ajudar a lembrar o passado assumindo novas funções enquanto envelhecem


Há décadas os pesquisadores sabem que nossa capacidade de lembrar experiências cotidianas depende de um fino cinturão de tecido cerebral chamado hipocampo. Acreditava-se que funções básicas da memória, como a produção de lembranças novas e a recuperação de antigas, eram executadas nesse cinturão por conjuntos diferentes de neurônios. Agora, descobertas sugerem que os mesmos neurônios na verdade executam essas duas funções tão diferentes mudando de papel conforme envelhecem.

A vasta maioria desses neurônios do hipocampo, chamados de células granulares, se desenvolve quando somos muito jovens e permanecem no lugar durante nossa vida. Mas cerca de 5% deles se desenvolvem na vida adulta através do nascimento de novos neurônios, processo conhecido como neurogênese. Células granulares jovens ajudam a formar novas lembranças mas, conforme envelhecem, mudam de função para ajudar a lembrar o passado. As células granulares mais novas preenchem a lacuna, assumindo o papel de ajudar a formar novas lembranças. Susumu Tonegawa, do MassachusettsInstitute of Technology, e seus colegas publicaram as descobertas em 30 de março no periódico Cell.


 

A equipe de Tonegawa testou o papel dessas células nascidas em adultos alterando geneticamente ratos nos quais as células velhas podiam ser desligadas seletivamente. Então eles puseram os animais em vários labirintos submetendo-os a testes de condicionamento de medo, o que demonstrou que células granulares jovens são essenciais para lembrança de eventos com base em pequenos sinais. Essa descoberta sugere que danos de memória comuns ao envelhecimento e ao transtorno de estresse pós-traumático podem estar conectados a um desequilíbrio entre células novas e velhas.

“Se você não tiver uma quantidade normal de células jovens pode ter problemas para distinguir dois eventos que seriam vistos como diferentes por pessoas saudáveis”, explica Tonegawa. Ao mesmo tempo, a presença de muitas células velhas poderia tornar mais fácil lembrar experiências traumáticas passadas com base em sinais atuais.

Pesquisas anteriores mostraram que tanto as experiências traumáticas quanto o envelhecimento natural podem levar a uma menor produção de novos neurônios no hipocampo. Mas a relação de causa-efeito entre problemas de neurogênese e transtornos de memória ainda deve ser estabelecida. Se uma conexão desse tipo for descoberta, abrirá a porta para uma nova classe de tratamentos visando o estímulo da neurogênese. E mudará a forma como pensamos o funcionamento da memória.

domingo, 1 de julho de 2012

Uma das apreensões de setores da Sociedade Nacional


Os perigos negligenciados na mudança do Código Ambiental

Um princípio da Biologia da Conservação (ciência que estuda como conservar e usar de forma sustentável os recursos naturais bióticos) é que, mesmo que sejam numerosos e extensos, parques e reservas públicos isolados não são suficientes para que a biodiversidade da Terra e o funcionamento de seus ecossistemas sejam garantidos de forma permanente.A participação de áreas particulares é imprescindível para assegurar essa situação e isso significa que, de uma maneira ou outra, temos, todos,responsabilidade no desafio de desenvolver o país de maneira ambientalmente saudável.

A rede de parques e reservas do Brasil dispõe de uma legislação própria, baseada na chamada Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC, Lei nº 9.9985 de 2000). Já a conservação em todas as áreas particulares obedece ao que conhecemos como Código Florestal (Lei nº 4.771), instrumento legal adotado em 1965.

O Código Florestal protege áreas ambientais frágeis e, ao mesmo tempo, estratégicas para a segurança de toda a sociedade, caso das margens de rios e reservatórios, encostas íngremes e nascentes. Essas áreas são denominadas de Áreas de Preservação Permanente (APP). Além disso, determina que uma porção da propriedade rural permaneça coberta pela vegetação nativa original, denominada de Reserva Legal (RL). Baseando-se em resultados científicos, o Código Florestal reconhece 14 funções ecológicas das APPs e RLs: preservação dos recursos hídricos, paisagem e biodiversidade, garantia do fluxo gênico de fauna e flora, proteção do solo, garantia do bem-estar das populações humanas e do uso sustentável dos recursos naturais, garantia da conservação e reabilitação dos processos ecológicos, promoção do abrigo e proteção da fauna e flora nativas, proteção sanitária, controle do fogo e da erosão, favorecimento da erradicação de espécies invasoras e proteção de plantios com espécies nativas.

Várias são as modificações propostas para o novo Código Florestal. As principais incluem , por exemplo:

1. Substituição do “leito maior” por “calha” e “leito regular”. Essa medida, aparentemente simples, na realidade equivale a alterar o critério de medida dos limites das áreas protegidas de APP de margem de rios. Atualmente, a Lei do Código Florestal prevê que os limites sejam medidos a partir do “leito maior sazonal” do rio, o que significa a meda das maiores cheias anuais. O novo texto troca “leito maior” por “leito regular” ou “calha do rio”, que equivale ao curso seguido pelo rio na maior parte do ano. Essa mudança reduz drasticamente  a área ribeirinha protegida por Áreas de Preservação Permanentes, sobretudo nos rios maiores, pois grande parte da área atualmente protegida de um ponto de vista legal ficará localizada dentro do próprio leito maior do rio. Com essa medida, grande parte das florestas ribeirinhas brasileiras perdem sua proteção legal, visto que a planície de inundação (área alagada todo ano durante as enchentes) passa a ser desconsiderada no cálculo da APP. Também para fins de recomposição, a nova proposta reduz a APP de margens de rios (com até 10 metros de largura) dos 30 metros atuais para faixas que dependem do tamanho da propriedade, podendo ser de apenas 5 metros, em alguns casos.

2. Nas várzeas, mangues (o que inclui os apicuns) e matas de encosta, topos de morros e áreas com altitudes acima de 1.800 m passa a ser permitidas atividades econômicas agrossilvopastoris. Ocorre que todos estes ambientes são reconhecidamente frágeis e apresentam dificuldade de recuperação a impactos, além de prestarem diversos serviços ambientais. Todas essas áreas são ecossistemas únicos, com faunas e floras exclusivas. São essas áreas que estão envolvidas nos alagamentos dentro das cidades durante as inundações ou deslizamentos de terra durante as chuvas de verão, provocando transtornos que vão desde perdas materiais a mortes.

3. A nova proposta permite que as Áreas de Preservação Permanente sejam incluídas para o cálculo do porcentual da Reserva Legal. Essa alteração no código anterior liberará as áreas de vegetação nativa presentes nas propriedades para desmatamento e fragmentação florestal, ambos nocivos em termos ambientais. Alterações nas Margens dos fragmentos é chamado efeito de borda.

Saiba que... Efeito de borda é uma alteração na estrutura, na composição e/ou na abundância relativa de espécies na parte marginal de um fragmento. Tal efeito seria mais intenso em fragmentos pequenos e isolados. Esta alteração da estrutura acarreta em uma mudança local, fazendo que plantas que não estejam preparadas para a condição de maior estress hídrico, característico das regiões de borda, acabem perecendo, acarretando em mudanças na base da cadeia alimentar e causando danos à fauna existente na região. Muitas vezes essa morte dentre os integrantes da flora na região de borda, acarreta na ampliação desta região, podendo atingir segundo alguns autores, até 500m.

Na comunidade científica é quase unânime a opinião de que uma das principais consequencias dse uma legislação será o aumento generalizado do desmatamento. A principal razão para justificar essa projeção é fácil de compreender : apenas a permissão é automática de desmatamento contida na nova lei para propriedades com até 4 módulos fiscais provocaria nos estados do norte do Brasil desmatamento de até 71 milhões de hectares de florestas nativas.

A perda dos ambientes naturais leva a perda dos serviços ecossistêmicos que incluem água limpa, madeira, polinizadores para plantações, ambientes de reprodução para peixes, ostras e plantas agrícolas. A redução das áreas de vegetação das várzeas (inundadas periodicamente na época das chuvas) leva ao assoreamento. A perda da vegetação natural afeta a recarga dos aquíferos que são grandes reservatórios subterrêneos de água. Perda de inúmeras de espécies de peixes, abelhas nativas que atuam como polinizadores e da biodiversidade. As áreas florestais atuam como centros do sequestro natural de gás carbônico em grandes quantidades e sua retenção na biomassa vegetal sob a forma de raízes, troncos, galhos e folhas. A redução das Áreas de Reserva Legal reduzem ambientes que desempenham papel fundamental como corredores de migração e pontos de passagem de milhares de sementes e animais, fornecendo o que os pesquisadores chamam de conectividade

Assim, o planejamento do uso da paisagem é fundamental para que se possam utilizar de maneira racional os recursos do presente e do futuro

(Fonte: SOUZA, A.F. ; CASTARO, L.A. Uma das apreensões de setores da sociedade nacional. Scientific American edição Julho de 2012)

sábado, 30 de junho de 2012

VACINA CONTRA O CIGARRO

Fumantes poderão um dia ser imunizados contra a nicotina para que deixem de sentir prazer com o hábito, segundo pesquisadores nos Estados Unidos. Os especialistas do Weill Cornell Medical College, em Nova York, criaram uma vacina que leva o organismo do vacinado a produzir anticorpo que atacam a nicotina.
O estudo, feito com ratos de laboratório e publicado na revista científica Science Translational Medicine, mostrou que os índices da nicotina no cérebro dos animais foram reduzidos em 85% após a vacinação.
Serão necessários anos de pesquisa antes que a vacina possa ser testada em humanos. Entretanto, o coordenador do estudo, Ronald Crystal, está convencido de que haverá benefícios.
"Parece-nos que a melhor forma de tratar a dependência crônica por nicotina associada ao fumo é ter esses anticorpos fazendo patrulha, limpando o sangue antes que a nicotina possa ter qualquer efeito biológico", ele disse.
Nova abordagem
Outras "vacinas contra o fumo", que treinam o sistema imunológico para produzir anticorpos que se acoplam à nicotina, foram desenvolvidas no passado. Esse é o mesmo método usado em vacinações contra doenças.
O desafio até agora tem sido conseguir produzir anticorpos suficientes para impedir que a droga entre no cérebro e produza a sensação de prazer. Os cientistas do Weill Cornell Medical College, no entanto, usaram um caminho completamente diferente: eles optaram por criar uma vacina baseada em terapia genética que, segundo eles, é mais promissora.
Um vírus geneticamente modificado contendo instruções para a fabricação de anticorpos de nicotina é usado para infectar o fígado do vacinado. Isso transforma o órgão em uma fábrica desses anticorpos.
Após receber injeções de nicotina, ratos que haviam sido imunizados apresentaram 85% menos nicotina em seus cérebros do que um outro grupo de ratos que não havia sido vacinado. Não se sabe se isso pode ser repetido em humanos ou se esse índice de redução seria suficiente para ajudar fumantes a abandonar o hábito.
Crystal disse que se tal vacina puder ser criada, "as pessoas saberão que se começarem a fumar novamente, não vão sentir prazer devido à vacina contra a nicotina e isso pode ajudá-las a abandonar o hábito".
"Temos muita esperança de que esse tipo de estratégia (de desenvolvimento da) vacina possa finalmente ajudar milhões de fumantes que tentaram parar, tentaram todos os métodos existentes no mercado hoje, mas sentem que a dependência por nicotina é tão grande que acaba derrotando todas essas abordagens atuais."
Impressionante
Também há questões relacionadas à segurança de terapias genéticas em humanos que precisarão ser respondidas. Darren Griffin, professor de genética da University of Kent, na Inglaterra, disse que os resultados do estudo são "impressionantes e intrigantes, com grande potencial", mas avisou que ainda há muitas questões que precisam ser resolvidas.
Para ele, a questão principal é saber "se os efeitos bioquímicos nos ratos de laboratório se traduziriam em uma dependência reduzida em humanos, uma vez que essas dependências podem ser tanto físicas como psicológicas".
Simon Waddington, do University College London, disse: "A tecnologia em que se baseia a terapia genética está melhorando o tempo todo e é animador ver esses resultados preliminares sugerindo que (a terapia genética) poderia ser usada para resolver o problema da dependência por nicotina".
Se tal vacina fosse criada, poderia haver também questões éticas. Por exemplo, em relação à vacinação de pessoas na infância, antes de que começassem a fumar.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Fazer exercícios faz bem...Mas por que?

Não é de hoje que todos nos sabemos que fazer exercícios diariamente faz um bem sem igual para a saúde..Mas por que? Bem, mexer o esqueleto já virou sabedoria popular. Agora, um estudo publicado na revista PLoS One mostra que a prática de atividades físicas traz benefícios para a totalidade do corpo. Os resultados podem levar a novas terapias para reabilitar músculos contundidos ou mesmo para prevenir e restaurar a perda muscular que ocorre com o avançar da idade.
Células-tronco são âquelas que têm a capacidade de, em tese, se tranformar em qualquer tecido. AS que estão presentes no tecido muscular esquelético são chamadas células-tronco mesenquimais (CTM). Sabe-se que elas têm papel importante em situações nas quais o músculo sofre dano não fisiológico. A atividade física ocasiona danos não fisiológicos e as análise experimentais mostram que há acúmulo nos músculos de CTM e que tais células produzem e liberam fatores de crescimento que induzema fusão celular e a geração de novo tecido. Assim, com a atividade física, esses fatores de crescimento podem ser lançados na corrente sanguinea e atingirem todas as células e tecidos do corpo, atuando portanto de forma positiva na totalidade do organismo. Novos estudos estão sendop realizados na tentativa de melhor compreender a relação entre as CTM e os fatores de crescimento e a importância dessas substâncias na homeostasia corporal.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Breve resumo sobre Célula-Tronco (UEM 2012.2)

O nome “célula-tronco” é uma aproximada tradução do inglês stem cell, termo utilizado inicialmente para denominar células de plantas com competência regenerativa. Atualmente, o termo passou a identificar quaisquer células não-especializadas de vegetais e animais com a capacidade de se dividir e originar tanto células idênticas a elas quanto outras mais especializadas e capazes de formar diferentes tecidos e órgãos. O processo de diferenciação células, que pode ser chamado de especialização celular consiste em uma sequencia de modificações bioquímicas, morfológicas e funcionais que convertem uma célula primitiva com algum grau de indeferenciação, que executa funções básicas, necessárias a sua própria sobrevivência, em uma célula diferenciada, com elevada capacidade de realizar algumas funções com grande eficiência. As células-tronco são classificadas em : totipotente, pluripotente e multipotente

Tipo
Origem
Potencial
Totipotente
Zigoto ou célula-ovo
Gerar um novo ser completo
Pluripotente (células-tronco embrionárias)
Massa celular interna do blastocisto
Gerar todos os tecidos do organismo
Multipotente (células-tronco adultas)
Diversos tecidos do corpo
Gerar os tecidos dos quais se originaram

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Agrotóxico em Gel

Produtores rurais poderão utilizar um  método mais seguro, ou melhor menos perigoso, para pulverizar suas lavouras com agrotóxicos. Trata-se da utilização de um novo gel, capaz de aprisionar o princípio ativo do herbicida no interior de pequenos polímeros. Como uma esponja, o veneno vai sendo liberado aos ppoucos, de forma controlada, protegendo o agricultor dos inúmeros riscos oferecidos pelo contato direto com o agrotóxico. O procedimento mais comum é diluir o´agrotóxico em água e depois aspergi-lo sobre os cultivos. Esse procedimento além de favorecer a contaminação do agricultura também facilita a dispersão do veneno pelo vento e a drenagem do agrotóxido para os corpos hídricos. O Brasil usa grande quantidade de agrotóxicos anualmente e o gel poderia ser um solução para mitigar os danos citados.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Crédito de Carbono

Em tempos de Rio + 20 vamos lembrar o protocolo de Quito e o que são os créditos de carbono.
Para entender os créditos de carbono, é preciso compreender primeiro o efeito estufa e o Protocolo de Kyoto. O efeito estufa faz parte da dinâmica ...do planeta e, graças a ele, a Terra é mais quente do que o espaço e tem a temperatura ideal para que os seres vivos sobrevivam. Funciona da seguinte forma: parte do calor irradiado pelo Sol é devolvido ao espaço. Porém, parte desse calor fica presa na atmosfera e é responsável por manter o planeta aquecido. O problema é que o excesso dos chamados gases estufa (gás carbônico, metano, óxido nitroso, fluoretos de enxofre e vapor d´água) amplifica esse fenômeno e faz com que mais calor seja retido na superfície do planeta, provocando o aquecimento global. Hoje em dia, os pesquisadores descobriram que não são só os gases que provocam esse efeito. O chamado carbono negro, que é a fuligem da fumaça, também tem papel importante nesse mecanismo. "A fuligem provoca o sombreamento da superfície e esquenta a atmosfera. Além disso, modifica a formação das nuvens, o que muda o equilíbrio térmico do planeta", explica Kenny Tanizaki Fonseca professor do Departamento de Análise Geoambiental da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador associado da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Apesar de ser impossível prever com certeza quanto o planeta deve aquecer nos próximos anos, a preocupação para minimizar os efeitos do aquecimento global é presente no mundo todo. Em 1997, 189 países membros das Nações Unidas se reuniram em Kyoto, no Japão, e assinaram um tratado em que se comprometem a reduzir as emissões de gás estufa em 5% em relação aos níveis de 1991. Em 2005, esse protocolo entrou em vigor e os países signatários deveriam atingir a meta até 2008. Até 2012 deve ser firmado um novo acordo, que já está em negociações. Uma das críticas ao Protocolo é que só estão obrigados a diminuir as emissões os países na lista de nações desenvolvidas. Ou seja, o Brasil ainda não tem metas a cumprir, apesar de estar na lista dos 20 países que mais poluem. "Ao contrário do que acontece no resto do mundo, 2/3 das emissões brasileiras estão ligadas ao uso do solo - desmatamento, queimadas e conversão de florestas em sistemas agropecuários. O próximo acordo também deve incluir o desmatamento, que tem a ver diretamente com o nosso país", afirma Kenny.

Um dos mecanismos a que os países desenvolvidos podem recorrer para cumprir a meta é comprar os chamados créditos de carbono de países que diminuíram suas emissões. Assim, uma empresa brasileira, por exemplo, pode desenvolver um projeto para reduzir as emissões de suas indústrias. Esse projeto passa pela avaliação de órgãos internacionais e, se for aprovado, é elegível para gerar créditos. Nesse caso, a cada tonelada de CO2 que deixou de ser emitida, a empresa ganha um crédito, que pode ser negociado diretamente com as empresas ou por meio da bolsa de valores. "Porém, os países só podem usar esses créditos para suprir apenas uma pequena parte de suas metas", explica Kenny Fonseca. Mesmo com essa restrição, o mercado de crédito de carbono está em pleno desenvolvimento, principalmente por causa do chamado mercado voluntário. Nele, mesmo países que não precisam diminuir suas emissões ou que não assinaram o Protocolo de Kyoto podem negociar créditos. Segundo um relatório divulgado por duas organizações americanas do setor de mercado ambiental, Ecosystem Marketplace e New Carbon Finance, em 2008 o mercado voluntário de carbono movimentou 705 milhões de dólares, por um preço médio de 7,34 dólares por crédito de carbono. Kenny Fonseca explica que o Brasil é um dos países que mais formulam projetos que geram créditos de carbono e que a expansão desse mercado é inevitável. "É muito difícil para os países desenvolvidos conseguirem atingir suas metas. Desde que o Protocolo de Kyoto foi assinado, houve um aumento populacional, acompanhado do aumento da necessidade de insumos. E isso acarreta um aumento natural da emissão de poluentes", afirma.