terça-feira, 3 de julho de 2012

Velhos Neurônios, Novos Truques Células cerebrais podem nos ajudar a lembrar o passado assumindo novas funções enquanto envelhecem


Há décadas os pesquisadores sabem que nossa capacidade de lembrar experiências cotidianas depende de um fino cinturão de tecido cerebral chamado hipocampo. Acreditava-se que funções básicas da memória, como a produção de lembranças novas e a recuperação de antigas, eram executadas nesse cinturão por conjuntos diferentes de neurônios. Agora, descobertas sugerem que os mesmos neurônios na verdade executam essas duas funções tão diferentes mudando de papel conforme envelhecem.

A vasta maioria desses neurônios do hipocampo, chamados de células granulares, se desenvolve quando somos muito jovens e permanecem no lugar durante nossa vida. Mas cerca de 5% deles se desenvolvem na vida adulta através do nascimento de novos neurônios, processo conhecido como neurogênese. Células granulares jovens ajudam a formar novas lembranças mas, conforme envelhecem, mudam de função para ajudar a lembrar o passado. As células granulares mais novas preenchem a lacuna, assumindo o papel de ajudar a formar novas lembranças. Susumu Tonegawa, do MassachusettsInstitute of Technology, e seus colegas publicaram as descobertas em 30 de março no periódico Cell.


 

A equipe de Tonegawa testou o papel dessas células nascidas em adultos alterando geneticamente ratos nos quais as células velhas podiam ser desligadas seletivamente. Então eles puseram os animais em vários labirintos submetendo-os a testes de condicionamento de medo, o que demonstrou que células granulares jovens são essenciais para lembrança de eventos com base em pequenos sinais. Essa descoberta sugere que danos de memória comuns ao envelhecimento e ao transtorno de estresse pós-traumático podem estar conectados a um desequilíbrio entre células novas e velhas.

“Se você não tiver uma quantidade normal de células jovens pode ter problemas para distinguir dois eventos que seriam vistos como diferentes por pessoas saudáveis”, explica Tonegawa. Ao mesmo tempo, a presença de muitas células velhas poderia tornar mais fácil lembrar experiências traumáticas passadas com base em sinais atuais.

Pesquisas anteriores mostraram que tanto as experiências traumáticas quanto o envelhecimento natural podem levar a uma menor produção de novos neurônios no hipocampo. Mas a relação de causa-efeito entre problemas de neurogênese e transtornos de memória ainda deve ser estabelecida. Se uma conexão desse tipo for descoberta, abrirá a porta para uma nova classe de tratamentos visando o estímulo da neurogênese. E mudará a forma como pensamos o funcionamento da memória.

Nenhum comentário:

Postar um comentário