sábado, 30 de junho de 2012

VACINA CONTRA O CIGARRO

Fumantes poderão um dia ser imunizados contra a nicotina para que deixem de sentir prazer com o hábito, segundo pesquisadores nos Estados Unidos. Os especialistas do Weill Cornell Medical College, em Nova York, criaram uma vacina que leva o organismo do vacinado a produzir anticorpo que atacam a nicotina.
O estudo, feito com ratos de laboratório e publicado na revista científica Science Translational Medicine, mostrou que os índices da nicotina no cérebro dos animais foram reduzidos em 85% após a vacinação.
Serão necessários anos de pesquisa antes que a vacina possa ser testada em humanos. Entretanto, o coordenador do estudo, Ronald Crystal, está convencido de que haverá benefícios.
"Parece-nos que a melhor forma de tratar a dependência crônica por nicotina associada ao fumo é ter esses anticorpos fazendo patrulha, limpando o sangue antes que a nicotina possa ter qualquer efeito biológico", ele disse.
Nova abordagem
Outras "vacinas contra o fumo", que treinam o sistema imunológico para produzir anticorpos que se acoplam à nicotina, foram desenvolvidas no passado. Esse é o mesmo método usado em vacinações contra doenças.
O desafio até agora tem sido conseguir produzir anticorpos suficientes para impedir que a droga entre no cérebro e produza a sensação de prazer. Os cientistas do Weill Cornell Medical College, no entanto, usaram um caminho completamente diferente: eles optaram por criar uma vacina baseada em terapia genética que, segundo eles, é mais promissora.
Um vírus geneticamente modificado contendo instruções para a fabricação de anticorpos de nicotina é usado para infectar o fígado do vacinado. Isso transforma o órgão em uma fábrica desses anticorpos.
Após receber injeções de nicotina, ratos que haviam sido imunizados apresentaram 85% menos nicotina em seus cérebros do que um outro grupo de ratos que não havia sido vacinado. Não se sabe se isso pode ser repetido em humanos ou se esse índice de redução seria suficiente para ajudar fumantes a abandonar o hábito.
Crystal disse que se tal vacina puder ser criada, "as pessoas saberão que se começarem a fumar novamente, não vão sentir prazer devido à vacina contra a nicotina e isso pode ajudá-las a abandonar o hábito".
"Temos muita esperança de que esse tipo de estratégia (de desenvolvimento da) vacina possa finalmente ajudar milhões de fumantes que tentaram parar, tentaram todos os métodos existentes no mercado hoje, mas sentem que a dependência por nicotina é tão grande que acaba derrotando todas essas abordagens atuais."
Impressionante
Também há questões relacionadas à segurança de terapias genéticas em humanos que precisarão ser respondidas. Darren Griffin, professor de genética da University of Kent, na Inglaterra, disse que os resultados do estudo são "impressionantes e intrigantes, com grande potencial", mas avisou que ainda há muitas questões que precisam ser resolvidas.
Para ele, a questão principal é saber "se os efeitos bioquímicos nos ratos de laboratório se traduziriam em uma dependência reduzida em humanos, uma vez que essas dependências podem ser tanto físicas como psicológicas".
Simon Waddington, do University College London, disse: "A tecnologia em que se baseia a terapia genética está melhorando o tempo todo e é animador ver esses resultados preliminares sugerindo que (a terapia genética) poderia ser usada para resolver o problema da dependência por nicotina".
Se tal vacina fosse criada, poderia haver também questões éticas. Por exemplo, em relação à vacinação de pessoas na infância, antes de que começassem a fumar.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Fazer exercícios faz bem...Mas por que?

Não é de hoje que todos nos sabemos que fazer exercícios diariamente faz um bem sem igual para a saúde..Mas por que? Bem, mexer o esqueleto já virou sabedoria popular. Agora, um estudo publicado na revista PLoS One mostra que a prática de atividades físicas traz benefícios para a totalidade do corpo. Os resultados podem levar a novas terapias para reabilitar músculos contundidos ou mesmo para prevenir e restaurar a perda muscular que ocorre com o avançar da idade.
Células-tronco são âquelas que têm a capacidade de, em tese, se tranformar em qualquer tecido. AS que estão presentes no tecido muscular esquelético são chamadas células-tronco mesenquimais (CTM). Sabe-se que elas têm papel importante em situações nas quais o músculo sofre dano não fisiológico. A atividade física ocasiona danos não fisiológicos e as análise experimentais mostram que há acúmulo nos músculos de CTM e que tais células produzem e liberam fatores de crescimento que induzema fusão celular e a geração de novo tecido. Assim, com a atividade física, esses fatores de crescimento podem ser lançados na corrente sanguinea e atingirem todas as células e tecidos do corpo, atuando portanto de forma positiva na totalidade do organismo. Novos estudos estão sendop realizados na tentativa de melhor compreender a relação entre as CTM e os fatores de crescimento e a importância dessas substâncias na homeostasia corporal.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Breve resumo sobre Célula-Tronco (UEM 2012.2)

O nome “célula-tronco” é uma aproximada tradução do inglês stem cell, termo utilizado inicialmente para denominar células de plantas com competência regenerativa. Atualmente, o termo passou a identificar quaisquer células não-especializadas de vegetais e animais com a capacidade de se dividir e originar tanto células idênticas a elas quanto outras mais especializadas e capazes de formar diferentes tecidos e órgãos. O processo de diferenciação células, que pode ser chamado de especialização celular consiste em uma sequencia de modificações bioquímicas, morfológicas e funcionais que convertem uma célula primitiva com algum grau de indeferenciação, que executa funções básicas, necessárias a sua própria sobrevivência, em uma célula diferenciada, com elevada capacidade de realizar algumas funções com grande eficiência. As células-tronco são classificadas em : totipotente, pluripotente e multipotente

Tipo
Origem
Potencial
Totipotente
Zigoto ou célula-ovo
Gerar um novo ser completo
Pluripotente (células-tronco embrionárias)
Massa celular interna do blastocisto
Gerar todos os tecidos do organismo
Multipotente (células-tronco adultas)
Diversos tecidos do corpo
Gerar os tecidos dos quais se originaram

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Agrotóxico em Gel

Produtores rurais poderão utilizar um  método mais seguro, ou melhor menos perigoso, para pulverizar suas lavouras com agrotóxicos. Trata-se da utilização de um novo gel, capaz de aprisionar o princípio ativo do herbicida no interior de pequenos polímeros. Como uma esponja, o veneno vai sendo liberado aos ppoucos, de forma controlada, protegendo o agricultor dos inúmeros riscos oferecidos pelo contato direto com o agrotóxico. O procedimento mais comum é diluir o´agrotóxico em água e depois aspergi-lo sobre os cultivos. Esse procedimento além de favorecer a contaminação do agricultura também facilita a dispersão do veneno pelo vento e a drenagem do agrotóxido para os corpos hídricos. O Brasil usa grande quantidade de agrotóxicos anualmente e o gel poderia ser um solução para mitigar os danos citados.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Crédito de Carbono

Em tempos de Rio + 20 vamos lembrar o protocolo de Quito e o que são os créditos de carbono.
Para entender os créditos de carbono, é preciso compreender primeiro o efeito estufa e o Protocolo de Kyoto. O efeito estufa faz parte da dinâmica ...do planeta e, graças a ele, a Terra é mais quente do que o espaço e tem a temperatura ideal para que os seres vivos sobrevivam. Funciona da seguinte forma: parte do calor irradiado pelo Sol é devolvido ao espaço. Porém, parte desse calor fica presa na atmosfera e é responsável por manter o planeta aquecido. O problema é que o excesso dos chamados gases estufa (gás carbônico, metano, óxido nitroso, fluoretos de enxofre e vapor d´água) amplifica esse fenômeno e faz com que mais calor seja retido na superfície do planeta, provocando o aquecimento global. Hoje em dia, os pesquisadores descobriram que não são só os gases que provocam esse efeito. O chamado carbono negro, que é a fuligem da fumaça, também tem papel importante nesse mecanismo. "A fuligem provoca o sombreamento da superfície e esquenta a atmosfera. Além disso, modifica a formação das nuvens, o que muda o equilíbrio térmico do planeta", explica Kenny Tanizaki Fonseca professor do Departamento de Análise Geoambiental da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisador associado da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Apesar de ser impossível prever com certeza quanto o planeta deve aquecer nos próximos anos, a preocupação para minimizar os efeitos do aquecimento global é presente no mundo todo. Em 1997, 189 países membros das Nações Unidas se reuniram em Kyoto, no Japão, e assinaram um tratado em que se comprometem a reduzir as emissões de gás estufa em 5% em relação aos níveis de 1991. Em 2005, esse protocolo entrou em vigor e os países signatários deveriam atingir a meta até 2008. Até 2012 deve ser firmado um novo acordo, que já está em negociações. Uma das críticas ao Protocolo é que só estão obrigados a diminuir as emissões os países na lista de nações desenvolvidas. Ou seja, o Brasil ainda não tem metas a cumprir, apesar de estar na lista dos 20 países que mais poluem. "Ao contrário do que acontece no resto do mundo, 2/3 das emissões brasileiras estão ligadas ao uso do solo - desmatamento, queimadas e conversão de florestas em sistemas agropecuários. O próximo acordo também deve incluir o desmatamento, que tem a ver diretamente com o nosso país", afirma Kenny.

Um dos mecanismos a que os países desenvolvidos podem recorrer para cumprir a meta é comprar os chamados créditos de carbono de países que diminuíram suas emissões. Assim, uma empresa brasileira, por exemplo, pode desenvolver um projeto para reduzir as emissões de suas indústrias. Esse projeto passa pela avaliação de órgãos internacionais e, se for aprovado, é elegível para gerar créditos. Nesse caso, a cada tonelada de CO2 que deixou de ser emitida, a empresa ganha um crédito, que pode ser negociado diretamente com as empresas ou por meio da bolsa de valores. "Porém, os países só podem usar esses créditos para suprir apenas uma pequena parte de suas metas", explica Kenny Fonseca. Mesmo com essa restrição, o mercado de crédito de carbono está em pleno desenvolvimento, principalmente por causa do chamado mercado voluntário. Nele, mesmo países que não precisam diminuir suas emissões ou que não assinaram o Protocolo de Kyoto podem negociar créditos. Segundo um relatório divulgado por duas organizações americanas do setor de mercado ambiental, Ecosystem Marketplace e New Carbon Finance, em 2008 o mercado voluntário de carbono movimentou 705 milhões de dólares, por um preço médio de 7,34 dólares por crédito de carbono. Kenny Fonseca explica que o Brasil é um dos países que mais formulam projetos que geram créditos de carbono e que a expansão desse mercado é inevitável. "É muito difícil para os países desenvolvidos conseguirem atingir suas metas. Desde que o Protocolo de Kyoto foi assinado, houve um aumento populacional, acompanhado do aumento da necessidade de insumos. E isso acarreta um aumento natural da emissão de poluentes", afirma.

Mapa do Desmatamento segundo IBGE

O primeiro lugar disparado é a Mata Atlântica, seguido dos Campos, Cerrado e Caatingas, todos esses perderam no mínimo a metade da cobertura florestal original.
Os da...dos são do IBGE baseados em imagens do INPE. Porém eles consideram até os pequenos fragmentos de floresta com menos de 100 hectares, o que torna os dados razoavelmente diferente dos indicies anteriores que só consideravam a partir de fragmentos maiores que 100 hectares.

Os indicadores revelam que estão preservados apenas 12% da área original da Mata Atlântica, o bioma mais devastado do país. De 1,8 milhão km², sobraram 149,7 mil km². A área desmatada chega a 1,13 milhão km² (88% do original) - quase o Estado do Pará e mais que toda a região Sudeste. Os dados se referem ao ano de 2010. A maioria dos dados anteriores obtidos com base nas análises de imagens do INPE constavam que a Mata Atlântica estava reduzida a 7,9% de sua área original, mais isso é se considerarmos os remanescentes florestais com fragmentos acima de 100 hectares, que são representativos para a conservação da biodiversidade.
Depois da Mata Atlântica, o Pampa gaúcho é o mais desmatado: perdeu 54% de sua área original, de 177,7 mil km² até 2009.
A devastação do Cerrado, segundo maior bioma do País, chegou a 49,1% em 2010. Na edição anterior dos IDS, divulgada há dois anos, o IBGE havia apontado devastação de 48,37% do Cerrado. Em dois anos, foram desmatados 52,3 mil km² - quase o Estado do Rio Grande do Norte.
A caatinga perdeu 45,6% de seus 826,4 mil km² originais. O Pantanal é o menor e mais preservado bioma: perdeu 15% da área total de 150,4 mil km². As informações referem-se a 2009.
O IBGE apresentou os índices de desmatamento de todos os biomas extra-amazônicos, já que a Amazônia tem um monitoramento específico, mais antigo e mais detalhado.
Biomas são territórios com ecossistemas homogêneos em relação à vegetação, ao solo, ao clima, à fauna e à flora. O Brasil é dividido em seis biomas. A pesquisa do IBGE chama atenção para o fato de que o desmatamento, além dos danos ao solo, aos recursos hídricos e às espécies de fauna e flora, aumenta as emissões de gás carbônico na atmosfera.
Na Amazônia, a devastação se intensificou na década de 1970, quando o governo estimulou a ocupação da Região Norte, incentivando a população de outras localidades a desbravar a floresta. Assim, estradas foram abertas para facilitar o acesso. Adriana Ramos, coordenadora do Instituto Socioambiental, afirma que 75% da degradação ambiental ocorreu numa faixa de 100 quilômetros de largura ao longo das rodovias.

Já o cerrado tem na cultura de soja a principal causa de seu desaparecimento. A organização não-governamental Conservação Internacional estima que o Brasil pode perder essa formação vegetal até 2030 se o modelo de desenvolvimento do país for mantido. Mato Grosso concentra a maior área plantada. "A falta da mata original e o uso de agrotóxicos agridem os afluentes do Rio Amazonas que nascem ali, afetando a quantidade e a qualidade das águas", avisa o biólogo Mário Barroso, gerente da entidade.
A Mata Atlântica, por sua vez, foi deteriorada pelos procedimentos usados na extração do ouro no início da colonização e, posteriormente, substituída por plantações de cana-de-açúcar e de café. Hoje a preocupação é a expansão urbana, especialmente na costa do Sudeste. Sem fiscalização, as áreas são preenchidas por propriedades irregulares, o que causa excesso de lixo, poluição dos mananciais, falta de água e exclusão social.

"O monitoramento dos biomas brasileiros torna-se indispensável não só para sua preservação como para qualquer tipo de intervenção ou lei que pretenda regular o uso dos recursos naturais no Brasil. A partir dos levantamentos de desmatamentos e áreas remanescentes, o Brasil saberá onde estão as áreas que precisam ser recuperadas e as que poderão servir às atividades econômicas, sem abertura de novas áreas", diz o estudo.
Por ser o bioma mais devastado, a Mata Atlântica também tem o maior número de espécies da fauna extintas ou ameaçadas de extinção: cerca de 260. No total, o IBGE apontou nove espécies extintas, 122 espécies criticamente em perigo, 166 em perigo e 330 vulneráveis.
Amazônia legal
Embora o ritmo de desmatamento da Amazônia Legal (área de 5,2 milhões de km², que vai além do bioma Amazônia e inclui uma parte do Cerrado) venha diminuindo ano a ano desde 2008, a perda de vegetação original chegou a 14,83% em 2011, segundo estimativa divulgada na IDS 2012, do IBGE. Na pesquisa anterior, o índice estava em 14,6% em 2009. Em 1991, a devastação total da Amazônia Legal era de 8,38%. Entre 2009 e 2011, a área desmatada passou de 741,6 mil para 754,8 mil km². São 13,2 mil km² _ mais que a cidade de Manaus _ em vegetação nativa perdida.

Fontes pesquisadas: Revista Exame e Revista Nova escola.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Células-Tronco Ovarianas?

O título do reportagem publicada na revista CH trás uma interrogação mas, qual o motivo do questionamento? Os cientistas , ainda, apresentam dúvidas quanto a presença dessas células no ovário das fêmeas humanas.
Estudos efetuados com camungongos apontaram evidências de que os ovários dessas fêmeas adultas são dotadas de populações de células que podem dar origem a novos óvulos (ovócitos).
A pergunta é : Algo semelhante seria encontrado nas fêmeas humanas? Cientistas norteamericanos acreditam que sim. A maxima "ovários não produzm novos gametas", começou a ruim em 2004 quando se demostrou, pelo menos em camundongos, que os ovários apresentam células que podiam gerar novos óvulos. Em 2009, óvulos produzidos a partir das células-tronco ovarianas (TCO) deram origem a filhotes saudáveis. De acordo com os cientistas, há CTOs em mulheres edultas em fase reprodutiva, e essas são capazes de gerar ovócitos. Experimentos ,em condições controladas, mostraram a presença de ovócitos formados a partir de TCOs. Contudo, ainda há dúvidas e ceticismos : 1) se são realmente TCOs, onde elas ficam no ovário; 2) qual o papel delas? 3) Elas realmente dariam origem a óvulos? 4) ou será que serviriam para preservar e proteger os ovócitos? seria possível amadurecer e fertlizar ovócitos gerados a partir de CTOs? e assim vai
As respostas virão com o tempo, mas esse fiapo de esperança poderá virar uma técnica que permitirá a maternidade em muitas mulheres no mundo. E isso depende de uam receita simples: mais estudos

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Cor da Pele em Humanos :um visão moderna

É um estudo que contesta o que se costuma ouvir nas aulas de genética no ensino médio: “Características como cor da pele dependem de relações complexas entre muitos genes, o que praticamente inviabiliza identificar a aparência (fenótipo) de um indivíduo a partir de sua constituição genética (genótipo)”. Embora a primeira premissa esteja correta, pesquisadores brasileiros mostram que é possível sim determinar a pigmentação da pele com base nos genes. Por ora, com modestos 60% de acerto.
Esse resultado, obtido pelo grupo da geneticista Maria Cátira Bortolini, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), não teria sido possível se não estivéssemos no início da era da genômica personalizada, em que se tornou viável economicamente sequenciar o conjunto completo de genes de indivíduos e deixá-los disponíveis em banco de dados na internet. Com essa disponibilidade, a equipe brasileira não precisou sequenciar o DNA de ninguém e fez o trabalho com dados genômicos encontrados em bases públicas mundo afora.
A equipe da UFRGS usou no total informações de 30 genomas individuais. Alguns eram de pessoas conhecidas, como os geneticistas norte-
-americanos Craig Venter e James Watson, o que permitiu confrontar os dados genéticos com as características fenotípicas (aparência). Outros eram de indivíduos anônimos, cujos fenótipos os pesquisadores estimaram a partir das características físicas das etnias a que as pessoas pertenciam. No estudo também foram analisados os genomas de um paleoesquimó e de quatro hominídeos arcaicos: três neandertais; e um hominídeo de Denisova – na realidade, uma mulher que viveu na Sibéria 40 mil anos atrás e que pode pertencer a uma espécie desconhecida do gênero Homo.
Para garimpar os dados úteis à pesquisa nessa imensa sopa de letrinhas – cada genoma é formado por dois conjuntos de 23 cromossomos com um total de 3 bilhões de pares de bases nitrogenadas A, T, C e G –, os pesquisadores usaram uma metodologia desenvolvida pelo geneticista Caio Cesar Silva de Cerqueira, primeiro autor do estudo, aceito para publicação no American Journal of Human Biology. “Esse trabalho é um desdobramento de meu projeto de doutorado que diz respeito a genes de coloração em populações humanas”, conta Cerqueira, que é orientado por Cátira.
E não se deve subestimar o tamanho da tarefa. “Uma das maiores dificuldades foi encontrar um modo de analisar tamanha quantidade de dados ao mesmo tempo”, diz Cerqueira. “Segundo nosso conhecimento, não existe ainda aparato estatístico que faça isso de maneira simplificada.”
Por essa razão, a primeira missão da equipe foi reduzir a análise aos trechos de DNA que pudessem dar maior confiabilidade às estimativas. O grupo trabalhou basicamente com as diferenças genéticas conhecidas como polimorfismos de nucleotídeo único – single nucleotide polymorphisms ou SNP. Os SNPs representam diferenças genéticas em que apenas uma letra da sequência foi trocada. “Tivemos que filtrar os dados para trabalhar só com os mais palpáveis e concretos”, explica Cerqueira.
Seleção de dados
O ponto de partida foi identificar 346 SNPs distribuídos em 67 genes, pedaços de genes desativados (pseudogenes) e regiões intergênicas (nem todos os segmentos de DNA constituem genes, alguns só ocupam espaço na sequência, com função ainda não esclarecida). Todos esses SNPs estavam em regiões do genoma associadas à pigmentação de cabelos, olhos e pele. O passo seguinte foi ver quais desses SNPs já tinham seu efeito genético descrito na literatura. Dos 346, sobraram 124.
Ainda assim, havia um problema: o genoma se compõe de duas cópias de cada gene, uma do pai e outra da mãe. Quando as versões do gene são diferentes entre si, predizer o efeito que a combinação terá no organismo é bem complicado. Por isso, os pesquisadores se concentraram nos SNPs cujos alelos (versões diferentes encontradas simultaneamente no organismo) estivessem presentes nas duas cópias do mesmo trecho de cada genoma. “Perdemos uma boa quantidade de informações fazendo isso, mas optamos por essa abordagem mais conservadora”, conta Cerqueira.
Uma coisa é certa. A metodologia usada é excelente para determinar se o indivíduo tem ou não sardas, acúmulo de pigmento comum em loiros e ruivos. A taxa de acertos na previsão para os 11 genomas cujo fenótipo era bem conhecido (a identidade do proprietário era sabida) foi de impressionantes 91%.
© NELSON PROVAZI
Contudo, conforme as sutilezas aumentaram, o nível de acerto diminuiu. O método previu corretamente em 64% dos casos o tom de pele, dividido em duas categorias: claro e escuro. A taxa de predição foi de 44% para a cor do cabelo (preto, castanho, ruivo e loiro), 36% para a cor dos olhos (preto, castanho, verde e azul). Quando todas as características foram levadas em consideração, a média de acerto ficou em 59%.
Os pesquisadores também calibraram o nível de acerto incluindo 19 genomas de indivíduos cuja etnia permitia estimar o provável fenótipo. Com uma base de 30 genomas, os índices de acerto mudaram um pouco. Diminuíram ligeiramente para sardas (83%), pele (60%) e cabelos (42%). Mas aumentaram para os olhos (67%), elevando a média final para 63%.
A primeira impressão que o estudo deixa é de que não dá mais para classificar como impossível prever traços físicos com base na análise do DNA. E a segunda é que ainda falta avançar bastante para que o nível de precisão melhore a ponto de o teste se tornar útil.
Trata-se de uma tecnologia que pode revolucionar, por exemplo, a ciência forense. Imagine se, a partir de uma amostra de DNA encontrada numa cena de crime, a polícia pudesse criar um retrato detalhado de um suspeito. Ainda estamos longe desse estágio tecnológico, mas, para Cátira, já terminou a fase do “e se pudéssemos?” e estamos chegando à etapa do “como faremos?”.
“O grande desafio é entender como funciona a interação entre os vários genes e seus alelos, bem como de seus produtos, as proteínas”, afirma Cátira. “Em outras palavras, o quanto o efeito de um alelo que se encontra em determinado ponto da rota é alterado pela presença de outra variante em outro gene da rede de pigmentação. Os estudos dessas conexões estão só começando a surgir e não fazemos ideia de como tudo está conectado, resultando em determinado fenótipo”, diz a pesquisadora da UFRGS.
Como complicação adicional, ainda é preciso levar em conta os efeitos epigenéticos – a influência de fatores ambientais sobre os padrões de expressão de certos genes sem alterar o DNA em si. “Os desafios permanecem grandes”, comenta Cátira. “Mas, como o conhecimento científico cresce exponencialmente, tenho esperança de que avanços importantes ocorram nos próximos anos.”
Retratos da evoluçãoEnquanto a tecnologia não chega ao ponto de ajudar no trabalho policial, os pesquisadores já começam a usá-la para tentar compreender melhor como se deu a evolução do gênero Homo. Afinal de contas, estudos como esse ajudam a verificar o quanto a diferença de pigmentação entre os grupos humanos é resultado de pressão exercida pela seleção natural ou consiste em variações surgidas ao acaso, neutras do ponto de vista evolutivo.
Em trabalho anterior, ligado a outra característica, o grupo de Cátira havia mostrado que um gene associado à configuração dos membros em seres humanos se mantém exatamente igual em mais de uma centena de amostras de DNA, vindas de pessoas de diversas partes do globo. Esse gene acumulou 16 alterações desde que os seres humanos e os chimpanzés se separaram na árvore evolutiva e permaneceu idêntico nos neandertais – Homo neanderthalensis, espécie aparentada do Homo sapiens, com quem conviveu até cerca de 30 mil anos atrás, antes de desaparecer. A conclusão é que esse gene é extremamente importante e por isso foi conservado igual por tanto tempo, dada a pressão evolutiva que existe sobre ele.
© NELSON PROVAZI
Agora os pesquisadores também podem fazer análises semelhantes com relação à pigmentação da pele, dos olhos e dos cabelos e ver que papel evolutivo os genes relacionados a essas características podem ter tido. Antes mesmo de qualquer análise do DNA, muitos pesquisadores já pensavam que deve ter havido grande pressão evolutiva para que os humanos vivendo sob o intenso sol africano tivessem mais melanina na pele – e mais proteção contra a radiação solar nociva –, enquanto quem vivia no norte da Europa dificilmente precisasse de grandes quantidades desse pigmento para escapar dos danos causados pela exposição ao sol. Estudos como o do grupo de Cátira ajudam a compreender o que moldou essa e outras adaptações.
Um dos resultados surpreendentes do novo estudo foi mostrar que entre os nean-
dertais possivelmente já havia diferenças na cor da pele e dos cabelos. A análise das variantes genéticas dos neandertais – foram sobrepostos trechos do genoma de três fêmeas para obter um genoma completo – sugere que uma era ruiva e duas tinham cabelo castanho e pele mais escura. Todas tinham olhos castanhos.
Esse resultado contrasta com o de um trabalho anterior, conduzido por Carles Lalueza-Fox, da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona. Em um estudo publicado em 2007 na Science, o grupo espanhol mostrou que o material genético de dois neandertais – um encontrado na Espanha e outro na Itália – apresentavam alterações genéticas similares às que determinam pele clara e cabelos ruivos em seres humanos. “Temos conhecimento de poucos genomas ou de porções do genoma desses hominídeos e, mesmo assim, essa variação aparece”, diz Cátira.
Se estiver correta, a análise da equipe da UFRGS indica que entre os neandertais a pigmentação poderia variar de modo semelhante ao que ocorre com os seres humanos. “Isso seria bem razoável e indicaria que essa característica pode ser típica do gênero Homo e não da espécie humana”, comenta Cátira. Ela própria, porém, adverte que é preciso ter cautela na interpretação dos dados. “Não podemos descartar problemas metodológicos, como contaminação com DNA humano e troca de bases post-mortem, no sequenciamento de genomas de espécies extintas”, completa.
Essa observação toca num ponto importante: há limitações na análise do material genético de fósseis. Por exemplo, talvez jamais seja possível investigar o DNA dos primeiros seres humanos que colonizaram o que hoje é o Brasil e que teriam vindo da Ásia pelo estreito de Bering entre 20 mil e 12 mil anos atrás. “O problema é que o clima daqui não permite preservar DNA da mesma forma que no frio da Europa”, explica Fabricio Rodrigues dos Santos, biólogo da Universidade Federal de Minas Gerais. “Se por muita sorte encontrarem algum esqueleto preservado em algum lugar muito especial na América do Sul com mais de 8 mil anos e houver DNA, pode ser possível sim prever alguns fenótipos.”
E quanto a Luzia – o fóssil humano encontrado nos anos 1970 pela arqueóloga francesa Annette Laming-Emperaire em Lagoa Santa, Minas Gerais – que hoje detém o recorde de mais antigo da América, com estimados 11.400 a 16.400 anos de idade? “No caso de Luzia, diria que é impossível, pois tentaram várias vezes, enviaram aos Estados Unidos e à Europa, mas nunca conseguiram gerar nenhuma sequência de DNA”, diz Santos. Por mais que a genética tenha o poder de iluminar o passado humano, algumas lacunas inevitavelmente permanecerão. Pelo menos até a próxima grande revolução científica.
Artigo científicoCERQUEIRA, C.C.S. et al. Predicting Homo pigmentation phenotype through genomic data: From Neanderthal to James Watson. American Journal of Human Biology.

Um pouco sobre Drawin e Muller

O ano de 1864 foi especial para Charles Darwin. Sob fogo cruzado de grande parte da comunidade científica de seu país e do exterior, o cientista britânico viu serem publicados um livro e um artigo científico que atacavam suas ideias sobre evolução: Exame do livro do senhor Darwin sobre a origem das espécies, do fisiologista francês Pierre Flourens, e Sobre a teoria darwinista da criação, do anatomista suíço Albert Kölliker. A origem das espécies fora lançado em 1859 e tivera todos os seus 1.250 exemplares esgotados em um dia. A controvérsia sobre o tema transformou-se num grande debate científico internacional e ultrapassou rapidamente as fronteiras da academia. Para sorte do evolucionista, também em 1864 surgiu em Leipzig, Alemanha, outra obra abordando a teoria da evolução, cujo título não deixava dúvidas para qual lado pendia: Para Darwin (Für Darwin, no original). Seu autor era Fritz Müller (1822-1897), naturalista que vivia na então cidade de Desterro (atual Florianópolis), em Santa Catarina, e dava aulas no liceu provincial.
O livro de Müller chegou às mãos de Darwin em 1865. Sua mulher, Emma, conhecedora do idioma alemão, leu para o marido já fazendo a tradução. Darwin ficou profundamente admirado com o trabalho. Ao contrário da imensa maioria dos que opinavam sobre A origem das espécies, o naturalista radicado no Brasil o fazia com propriedade, apresentando exemplos zoológicos descritos em detalhes que corroboravam a teoria da evolução, sem se deter em questões filosóficas e religiosas. 
“O livro foi muito importante para Darwin não só pelo apoio, mas também porque ajudou a consolidar a teoria darwinista 
na comunidade científica da época”, diz o biólogo e médico legista Luiz Roberto Fontes, coautor da tradução de Für Darwin (editora da UFSC, 2009) para o português com Stefano Hagen, professor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo. Ambos fazem parte do projeto Nosso Fritz Müller, de recuperação da memória do cientista alemão que viveu 
45 anos em Santa Catarina, até sua morte.
O naturalista havia chegado ao Brasil em 1852, aos 30 anos, com a mulher, uma filha 
e um dos irmãos para a Colônia Blumenau, em Santa Catarina. No começo trabalhava como simples colono, manejando a enxada e o machado, apesar dos dois títulos acadêmicos que possuía, como biólogo e médico. Foi em 1861, quando já estava em Desterro, que seu amigo Max Schultze lhe enviou a tradução alemã de A origem das espécies. Schultze o mantinha atualizado sobre os debates científicos na Europa e despachava anualmente para o Brasil livros e algum material 
para pesquisa, como um microscópio pedido por ele. Encantado com as ideias do inglês, Müller trabalhou sistematicamente no 
estudo de várias espécies, em especial crustáceos, 
e encontrou provas inequívocas do acerto darwinista. Nos anos seguintes ele reuniu suas observações e experimentos em uma monografia que, em homenagem ao inglês, chamou de Para Darwin. Em seguida o enviou para Schultze, que mandou publicar.
O trabalho de Müller fez com que Darwin estabelecesse uma correspondência, colaboração e amizade que duraram até sua morte, em 1882, com cerca de 60 cartas trocadas de lado a lado. Em 1869 Darwin bancou do próprio bolso a tradução do livro para o inglês e a publicação de mil exemplares, com o título Fatos e argumentos a favor de Darwin. Até a sexta edição de A origem das espécies (1872), considerada a definitiva, havia 12 citações sobre os estudos de Müller. “Também ocorreu de Darwin considerar algumas cartas do naturalista alemão tão informativas que sugeria sua publicação como artigo científico em revistas especializadas”, conta Stefano Hagen. Fritz Müller teve uma extensa vida científica produtiva no Brasil  e publicou cerca de 260 artigos, a maioria no exterior.
Desde 2010, Fontes e Hagen colaboram com o Instituto Martius-Staden, de São Paulo, para maior divulgação da história e 
da obra de Müller. Foi montada uma exposição 
que percorreu 16 instituições diferentes pelo Brasil e será levada ao Centro Brasileiro da Universidade de Tübingen, na Alemanha, entre maio e julho. Como neste ano comemoram-se 
os 190 anos de nascimento do naturalista, o instituto transformou o catálogo da exposição no e-book bilíngue Fritz Müller – O príncipe dos observadores, a forma como Darwin referia-se ao amigo alemão naturalizado brasileiro. O e-book pode 
ser acessado em www.martiusstaden.org.br.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Código Florestal - Vestibular

Noções sobre o Código Florestal

       Criado pela Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 O Código estabelece limites de uso da propriedade, que deve respeitar a vegetação existente na terra, considerada bem de interesse comum a todos os habitantes do Brasil;

       O primeiro Código Florestal Brasileiro foi instituído pelo Decreto nº 23.793, de 23 de janeiro de 1934, revogado posteriormente pela Lei 4.771/65, que estabeleceu o Código Florestal vigente;

       Conservação das florestas e dos outros ecossistemas naturais interessa a toda a sociedade;

       Serviços ambientais básicos – como a produção de água, a regulação do ciclo das chuvas e dos recursos hídricos, a proteção da biodiversidade, a polinização, o controle de pragas, o controle do assoreamento dos rios e o equilíbrio do clima – que sustentam a vida e a economia de todo o país;

       Única lei nacional que veta a ocupação urbana ou agrícola de áreas de risco sujeitas, por exemplo, a inundações e deslizamentos de terra;

       Código Florestal determina a obrigação de se preservar áreas sensíveis e de se manter uma parcela da vegetação nativa no interior das propriedades rurais. São as chamadas áreas de preservação permanente (APPs) e reserva legal

       As APPs, ou áreas de preservação permanente, são margens de rios, cursos d’água, lagos, lagoas e reservatórios, topos de morros e encostas com declividade elevada, cobertas ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, e de proteger o solo e assegurar o bem estar da população humana. São consideradas áreas mais sensíveis e sofrem riscos de erosão do solo, enchentes e deslizamentos. A retirada da vegetação nativa nessas áreas só pode ser autorizada em casos de obras de utilidade pública, de interesse social ou para atividades eventuais de baixo impacto ambiental;

       A reserva legal é uma área localizada no interior da propriedade ou posse rural que deve ser mantida com a sua cobertura vegetal original. Esta área tem a função de assegurar o uso econômico sustentável dos recursos naturais, proporcionar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos,  promover a conservação da biodiversidade, abrigar e proteger a fauna silvestre e a flora nativa. O tamanho da área varia de acordo com a região onde a propriedade está localizada. Na Amazônia, é de 80% e, no Cerrado localizado dentro da Amazônia Legal é de 35%. Nas demais regiões do país, a reserva legal é de 20%.;

Atividade
Logo em seu primeiro artigo, o Novo Código Florestal diz que “As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação, […], são bens de interesse comum a todos os habitantes do País […]”, explicitando o valor intrínseco das florestas e vegetações nativas a despeito de seu valor comercial. Mais uma amostra da nova percepção de direitos que começara com a Constituição de 1988. No Art. 2º são definidas as áreas de preservação permanente [...]. O Novo Código Florestal define ainda [...] sobre a existência de “reserva legal” em toda propriedade.
Disponível em: http://www.infoescola.com/ecologia/novo-codigo-florestal/. Acesso: 5 abril 2012. (Adaptado)

Alguns dos pontos mais discutidos sobre as possíveis reformulações do Código Florestal Brasileiro versaram sobre as APP’s (Áreas de Preservação Permanente) e sobre áreas denominadas de Reserva Legal. As APP’s (Áreas de Preservação Permanente) e as Reservas Legais são, respectivamente,

A) áreas que abrangem vegetação nativa ou remanescente em encostas e topos de morros, margens de rios e mananciais, e também ao redor de lagoas, lagos ou reservatórios; áreas localizadas no interior de uma propriedade ou posse rural, representativas do ambiente natural da região e necessárias ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e à reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção da fauna e flora nativas.
B) áreas localizadas no interior de uma propriedade ou posse rural representativa do ambiente natural da região e necessárias ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e à reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção da fauna e flora nativas; áreas que abrangem vegetação nativa ou remanescente em encostas e topos de morros, margens de rios, mananciais e, também, ao redor de lagoas, lagos ou reservatórios.
C) áreas que abrangem vegetação em margens de rios e mananciais; áreas localizadas no interior de uma propriedade ou posse rural, em que as atividades agropastoris podem se realizar, desde que observadas algumas restrições legais acerca da flora nativa.
D) áreas em que a atividade produtiva da propriedade rural ou posse rural é dada sem restrições de tamanho, largura ou mesmo demanda jurídica; áreas localizadas no interior de uma propriedade rural, representativa do ambiente natural da região, destinada à conservação permanente.


terça-feira, 12 de junho de 2012

Estudo: mamute foi extinto pelo homem e por fatores naturais


 
 

Vários fatores, como a elevação das temperaturas, a mudança na vegetação e a proliferação de seres humanos, contribuíram para a extinção do mamute lanoso, segundo um novo estudo publicado nesta terça-feira pela revistaNature Communications.
O desaparecimento destes mamíferos foi progressiva, segundo este estudo que questiona as afirmações anteriores, segundo as quais ele teria se extinguido brutalmente, seja por doenças, por causa humana ou por uma catástrofe meteorológica.
"Não houve uma única causa que os eliminou de uma vez", declarou um dos autores do estudo, Glen MacDonald, da Universidade da Califórnia. Segundo os pesquisadores, a análise das datações por meio do uso do carbono 14 revela um modelo de morte lenta provocada por vários fatores.
Seus resultados mostram como o mamute da Beríngia (ponte terrestre que unia o atual Alasca e a Sibéria oriental), presentes de maneira abundante até 45 mil e 30 mil anos antes de nossa era, registraram um longo declínio, enfrentando mudanças climáticas, de habitat e a presença humana, até seu desaparecimento definitivo há 4 mil anos.
Esta situação de conjunção de fatores pode ocorrer num futuro próximo, advertiu Glen MacDonald. "Se observadas a amplitude das mudanças climáticas que prevemos no próximo século e as modificações na utilização das terras com o aumento da população, corremos o risco de submeter algumas espécies às mesmas pressões", conclui

Vacina contra a esquistossomose


O Brasil criou e vai produzir a primeira vacina contra esquistossomose, doença crônica causada pelo parasita Schistosoma . Após 37 anos de pesquisa, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), responsável pelo desenvolvimento e teste do imunizante, anunciou nesta terça-feira (12/06/2012) que a vacina  foi aprovada nos testes clínicos, feitos com 20 voluntários.
O imunizante foi produzido a partir da proteína Sm14, extraída do próprio parasita Schistosoma mansoni. Ela funciona como antígeno, substância que estimula a produção de anticorpos e impede que o parasita se instale no organismo.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a esquistossomose é a segunda doença parasitária que mais mata no mundo, atrás apenas da malária. O parasita afeta atualmente 200 milhões de pessoas em áreas sem saneamento básico, e tem potencial para atingir 800 milhões de indivíduos em todo o mundo, principalmente nos países da África, da América Central e no Brasil — em especial no nordeste e em Minas Gerais.
Os pesquisadores responsáveis pela criação da vacina acreditam que será possível  imunizar a população dos locais mais expostos à epidemia no mundo dentro do prazo máximo de cinco anos.
A criação dessa vacina, que é também o primeiro imunizante para vermes, coloca o Brasil em uma posição de destaque no campo da ciência mundial

Saiba mais ...
Esquistossomose é uma doença causada pelo Schistosoma mansoni, parasita que tem no homem seu hospedeiro definitivo, mas que necessita de caramujos de água doce como hospedeiros intermediários para desenvolver seu ciclo evolutivo.
A transmissão desse parasita se dá pela liberação de seus ovos através das fezes do homem infectado. Em contato com a água, os ovos eclodem e libertam larvas que morrem se não encontrarem os caramujos para se alojar. Se os encontram, porém, dão continuidade ao ciclo e liberam novas larvas que infectam as águas e posteriormente os homens penetrando em sua pele ou mucosas.
A esquistossomose chegou às Américas Central e do Sul provavelmente com os escravos africanos e ainda hoje atinge vários estados brasileiros, principalmente os do Nordeste.
Sintomas
A doença tem uma fase aguda e outra crônica.
Na fase aguda, pode apresentar manifestações clínicas como coceiras e dermatites, febre, inapetência, tosse, diarreia, enjôos, vômitos e emagrecimento.
Na fase crônica, geralmente assintomática, episódios de diarreia podem alternar-se com períodos de obstipação (prisão de ventre) e a doença pode evoluir para um quadro mais grave com aumento do fígado (hepatomegalia) e cirrose, aumento do baço (esplenomegalia), hemorragias provocadas por rompimento de veias do esôfago, e ascite ou barriga d’água, isto é, o abdômen fica dilatado e proeminente porque escapa plasma do sangue.
Tratamento
O tratamento da doença pode ser feito com medicamentos específicos que combatam oSchistossoma mansoni. Uma nova droga quimioterápica, o hicantone, já se mostrou eficaz para curar a doença na grande maioria dos casos.
No entanto, educação sanitária, saneamento básico, controle dos caramujos e informação sobre o modo de transmissão da doença são medidas absolutamente fundamentais para prevenir a doença.
Recomendações
* Esteja atento às normas básicas de higiene e saneamento ambiental. Evite contato com a água represada ou de enxurrada que pode estar infestada pelo parasita;
* Saiba que os caramujos podem ser combatidos de várias maneiras diferentes: por controle biológico, químico e das condições do meio ambiente. Como seu habitat natural preferido são lugares com pouca água e correnteza, algumas medidas podem ser tomadas como drenar, aterrar ou aumentar a velocidade da água na área em que vivem. O controle biológico pode ser exercido por animais que se alimentam dos caramujos (peixes, patos, etc) e o químico pelo uso de moluscocidas;
* Use roupas adequadas, botas e luvas de borracha se tiver que entrar em contato com águas supostamente infectadas;
* Cabem às autoridades sanitárias a destruição do habitat das larvas e o trabalho de informar a população. Isso não isenta ninguém da responsabilidade de alertar as pessoas, principalmente as que vivem em áreas presumidamente infectadas.

domingo, 10 de junho de 2012

Um pouco sobre caramujos

O caramujo-gigante-africano infectado por Angiostrongylus pode contribuir para a disseminação de duas doenças causadas por esse verme: a angiostrongilíase abdominal e a meningoencefalite eosinofílica. A comprovação foi obtida a partir de estudo feito em parceria entre a Universidade Estadual Paulista (Unesp-São Vicente) e o Centro de Pesquisas René Rachou da Fundação Oswaldo Cruz, em Belo Horizonte (MG).

A partir de estudos anteriores, os cientistas acreditavam que o Achatina fulica, nome científico do caramujo-gigante-africano, poderia ser contaminado pelo nematódeo Angiostrongylus apenas em laboratório. Entretanto, a bióloga Iracy Léa Pecora, da Unesp, analisou uma amostra de três mil animais, coletados em São Vicente (SP), e constatou que aproximadamente 10% estavam infectados pelo verme. “A quantidade ainda é baixa, mas indica que os caramujos podem estar naturalmente infectados”, diz.
Caramujo pode disseminar doenças
O Achatina fulica é um dos hospedeiros intermediários do Angiostrongylus, que, na forma adulta, vive no organismo de pequenos roedores, como ratos. “Após a reprodução dos vermes adultos, surgem larvas que são expelidas junto com as fezes do roedor. São essas larvas que infectam os caramujos”, explica Pecora.
O ser humano é um hospedeiro acidental do verme. A infecção acontece após comer alimentos mal lavados
O fato de se encontrar caramujos naturalmente infectados leva os pesquisadores a concluir que os roedores que perambulam pelos mesmos locais também estão infectados. O ser humano, por sua vez, é um hospedeiro acidental do verme. “A infecção acontece após comer alimentos mal lavados, já que o caramujo anda por verduras, onde deixa um muco contaminado”, completa.
A angiostrongilíase abdominal é transmitida pelo Angiostrongylus costaricensis, que se instala no intestino e pode levar à morte após a perfuração deste. Já o Angiostrongylus cantonensis se instala nas meninges e no cérebro, resultando em um quadro mais severo da meningite tradicional.
O caramujo-gigante-africano é hermafrodita e pode pôr até 400 ovos por vez. Resistente, o animal prolifera com rapidez. Dias típicos de verão – com calor e chuva no fim da tarde – são os mais propícios para encontrar a espécie. São comuns os relatos de ambientes infestados pelo caramujo nessa época.
“A rápida proliferação do animal é uma ameaça ecológica. Ele come de tudo: plantas, papel, ração de animais e até lixo”, alerta Pecora. Segundo a pesquisadora, é preciso coletar, com luvas, os animais e quebrar suas conchas. “Em seguida, deve-se jogar cal e enterrar os bichos. Não é recomendado utilizar sal para matá-los, pois a substância prejudica o solo”, explica.

AIDS e HEPATITE B

Aids e hepatite B caminham de mãos dadas. Tanto o HIV, vírus causador da Aids, quanto o HBV, causador da hepatite B, podem provocar doenças crônicas, câncer e morte precoce. A coinfecção pelos dois vírus potencializa os malefícios de cada um deles.
Mundialmente, a infecção crônica pelo HBV é a principal causa de hepatite crônica e uma das principais causas de morte. Ela é responsável por metade de todos os casos de cirrose hepática e de hepatocarcinoma, o câncer do fígado. Há cerca de 400 milhões de pessoas portadoras de hepatite B crônica, espalhadas pelos cinco continentes, a maioria das quais concentrada na Ásia e na África. Nessas regiões, os inquéritos mostram que até 70% dos adultos entraram em contato com o HBV, e que de 8% a 15% desenvolveram hepatite crônica. Há 100 milhões de pessoas com hepatite B crônica apenas na China continental.
Esses números refletem a incapacidade de conter a transmissão materno-fetal do vírus, uma vez que a maioria das infecções nas áreas de maior endemicidade é adquirida no período neonatal, através do contato da criança com os familiares ou por meio de procedimentos médicos, religiosos ou de cunho cultural que empregam agulhas e outros instrumentos contaminados. Enquanto menos de 5% dos adultos que entram em contato com o HBV, por meio do sexo ou da exposição a instrumentos perfurocortantes, desenvolvem a forma crônica da doença, a infecção perinatal está associada a um risco de 90%. A maior parte dos que adquiriram o vírus dessa forma chega às fases finais de cirrose e câncer de fígado ao redor dos 30 ou 40 anos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, existem 33 milhões de pessoas infectadas pelo HIV. Cerca de 10% dessa população é também portadora de infecção crônica pelo HBV. Em áreas endêmicas da Ásia e da África, a concomitância das duas infecções pode chegar a 25%. Nos países com prevalência mais baixa de ambas as viroses, nos quais o HBV e o HIV são adquiridos quase sempre na vida adulta por via sexual ou uso de agulhas contaminadas, a existência da infeção dupla costuma estar abaixo de 10%, número que pode subir para 50% entre os usuários de drogas injetáveis.
Mundialmente, o número de portadores da coinfecção crônica HIV/HBV é estimado entre 3 milhões e 6 milhões.
A coinfecção aumenta a morbidade e a mortalidade associada a cada um dos vírus isoladamente. Pessoas HIV positivas que adquirem o HBV evoluem para hepatite B crônica cinco vezes mais depressa do que as infectadas unicamente pelo HBV e correm risco mais alto de desenvolver cirrose e hepatocarcinoma. Mulheres infectadas pelos dois vírus correm mais risco de transmiti-los para seus filhos do que as portadoras de apenas um deles.
A vacinação dos bebês contra a hepatite B é eficaz: protege cerca de 70% dos vacinados. Se ao mesmo tempo a criança receber a imunoglobulina contra a hepatite B, a proteção chega perto dos 90%. A dificuldade está no custo da imunoglobulina. Em 2006, por exemplo, nos países de prevalência mais alta da hepatite B, a cobertura vacinal da primeira dose após o nascimento foi de apenas 36%.
Enquanto o tratamento antiviral em mulheres grávidas portadoras do HIV reduz a transmissão perinatal do vírus da Aids a níveis próximos de zero, o uso de antivirais contra a hepatite B na gravidez foi avaliado só em ensaios clínicos com um pequeno número de casos. Apesar dessa limitação, os resultados são promissores.
O ideal é que todas as mulheres façam os testes para Aids e hepatite no período pré-natal. As que apresentarem resultados positivos devem receber tratamento. A estratégia de usar dois medicamentos com atividade antiviral contra o HIV que também sejam ativos contra o HBV tem sido estudada com maior interesse.
No Brasil, a vacinação dos bebês contra a hepatite B é oferecida pelo SUS.

Um pouco de Darwin e o Câncer

Para aqueles que ainda duvidam da universalidade da seleção natural, atpé o câncer serve de exemplo. Estudo recente mostrou que no mesmo tumor há células com genomas diferentes, ou seja, características genéticas distintas. Isso significa que na população de células neoplásicas malignas há um padrão heterogêneo no que refere-se as informações contidas no DNA. Fazendo uma analogia poderiamos falar em "Biodiversidade"
Esses resultados confirmam o que outra já tinha sido visto: em um tumor canceroso há células que possuem uma verdadeira bagunça cromossomial. Grandes trechos de um cromossomo são trocados por trechos de outros cromossomos, o que resulta em comportamentos celulares atípicos quando comparados ao comportamento fenitípico das células não malignas. Devido ao grande acúmulo de erros, nem todas as células são viáveis. Contudo, algumas sobrevivem à pressão de seleção que se estabelece e, ao se replicar, geram clones de células não apenas bem ajustadas ao meio, mas também refratárias aos sinais que normalmente controlam o crescimento celular. Deixam de responder aos sinais de pare e multiplicam-se de forma descontrolada. Quando tais células abandonam seu tecido de origem, o que chamamos de mestástase, ocorre colonização de outros tecidos, e esse processo de colonização altera o fisiologia normal do tecido ou órgão colonizado o que resulta em danos conduzindo à morte do indivíduo afetado.
No contexto evolutivo, o próprio tratamento por quimioterapia e radioterapia (envenenar e queimar) aplicados ao paciente com câncer atua como instrumento de seleção natural. Da mesma forma que Darwin viu criadores de plantas e animais gerarem raças diferentes, os oncologistas estariam atuando como criadores de animais. Ao usar a radio e a quimioterapia gera na população heterigênea do tumor uma pressão seletiva que mimetixa, ou seja, copia a seleção natural. A terapia mata muitas células cancerosas (as normais também), mas algumas sobrevivem e ao se dividirem geram descendentes que preservam as características da célula-mãe: permanecem resistentes ao tratamento e o câncer continua.
Acredita-se que a resposta adaptativa imposta pelo microambiente seletivo tenho início com as chamadas "células-tronco do câncer". Essas células, semelhantes às células-tronco determinariam a expansão clonal (dos clones) das células resistentes ao tratamento, algo semelhante ao que se observa frente ao tramento com substâncias antibióticas que selecionam micro-organismo resistentes. Assim, qual deveria ser o procedimento? Como tratar o câncer? Como atingir todas as células que compõem esse multivariado ambiente de um tumor neoplásico maligno?
Atualmente, cientistas sugerem que o tratamento deve ser direcionado para as "células-tronco de câncer. Entretanto, em função da diversidade genética mencionada anteriormente e da inexorabilidade da evolução, é possível que mesmop essa estratégica tenha resultados frustantes. Assim, uma das melhores opções seria a prevenção (erradicar o tabagismo, cuidados com a exposição ao sol, entre outros) e outras ferramentas seria a terapia ecológica. Desse modo, não deveria tentar curar o cãncer e sim controlá-lo, como se faz com certas doenças crônicas, usando "drogas", ou seja fármacos, que retardariam o crescimento do tumor e reduziriam a probabilidade de metástase. Embora, a luta continue e o cenário ainda seja pessimista, o estudo desses comportamento genotípico e fenotípico das células tumorais mostra-nos que tais células são os protagonistas da evolução, de modo que poderiamos testemunhar um importante evento de transição.

sábado, 9 de junho de 2012

Mutualismo Triplo

Estudos moleculares mostram que certos fungos que crescem em tecidos vegetais beneficiam a planta infectada. Assim, não deve ser visto como um parasitismo. Um fenômeno até então pouco estudado que a associação com certos fungos confere a determinados vegetais resistência ao calor..É isso mesmo, fungo da espécie Curvularia protuberata confere ao vegetal Dichanthelium lanuginosum que é encontrado em solos muito quentes, por exemplo, perto das fontes geotérmicas existente no Parque Nacional de Yellowstone (USA). Contudo essa resistência é mediada por um vírus. Denominado vírus da tolerância termal da Curvularia, transmitido por meio dos esporos do fungo, confere o estabelecimento do mutualismo triplo. Plantas com ou sem o fungo, mas sem o vírus morrem, em solos cuja temperatura esteja acima do 65 ºC. Em laboratório o fungo infectado pelo vírus confere resistência ao calor a diversas espécies de plantas...Fantástico...Esse é o mundo da Bio que tanto admiro e que o ENEM adora colocar em seus itens..

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Controle Biológico

Esse texto foi publicado na revista Fapesp. No ano passado, um dos texto dessa renomada revista foi utilizado como comando (texto) em uma das questões do ENEM 2011. Vou compilar as partes mais importantes e que poderia ser utilizada por um dos elaboradores na confecção de um dos itens que estaria no banco de itens do INEP.

"A ação do T. galloi é diferenciada porque a vespa ataca os ovos da mariposa conhecida como broca-da-cana (Diatraea saccharalis), inoculando neles seus próprios ovos e impedindo que o inseto, na sua fase de lagarta, ecloda e ataque a planta. Os insetos usados no controle biológico parasitam lagartas e congêneres adultos que já tiveram a chance de atacar a plantação. A multiplicação e a comercialização de vespas do gênero Trichogramma não é algo inédito no mundo – aqui no Brasil a técnica foi desenvolvida décadas atrás no Laboratório de Biologia de Insetos da Esalq-USP."
O controle biológico, como o nome sugere, é uma atividade que emprega agentes – insetos, ácaros, fungos, vírus e bactérias – para combater pragas que destroem as mais variadas plantações. Além da cana, o método também é empregado nas lavouras de soja, milho, plantas frutíferas, hortaliças e outras. Ele faz parte do manejo integrado de pragas, conceito surgido nos Estados Unidos e na Europa nos anos 1960 como alternativa à aplicação de agrotóxicos para controlar insetos e outras pragas presentes no campo. Combater pragas com organismos vivos é uma atividade em expansão no Brasil. As estatísticas são imprecisas, mas estima-se o seu emprego em mais de 7 milhões de hectares de lavouras, apresentando vantagens ambientais em relação ao uso de inseticidas. O setor, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico (ABCbio), faturou R$ 250 milhões em 2010. Esse número representa 3% do mercado de agrotóxicos no Brasil, que foi de R$ 8 bilhões no mesmo ano. “O controle biológico é uma das poucas medidas de controle de pragas que atende às exigências de uma agricultura sustentável, tão desejável no mundo”
O controle biológico não é poluente, não causa intoxicação nos aplicadores e não deixa resíduos nos alimentos. Além disso, não precisa ser aplicado diretamente na praga, porque os agentes localizam suas presas no campo, não causa impactos secundários – entre eles atingir organismos que não são alvo – e não desenvolve resistência da praga.
“A maioria dos inseticidas não consegue alcançar nenhuma dessas vantagens e os demais falham em algumas delas, especialmente no que se refere aos impactos secundários, que, de alguma forma, geram desequilíbrios ambientais”, afirma Alexandre Pinto. Atualmente, por volta de 230 agentes são empregados no controle biológico de pragas em todo o mundo. De forma geral, eles são divididos em duas categorias: de um lado, organismos microbiológicos (ou microrganismos) como fungos, vírus e bactérias, e, de outro, organismos macrobiológicos, visíveis a olho nu, como insetos e ácaros. Os últimos, por sua vez, podem ser classificados como predadores ou parasitoides. Geralmente menores que seu hospedeiro, precisam de apenas um desses insetos para completar seu ciclo. Sua fase adulta é livre e normalmente não mata seu hospedeiro até sair dele. Já os predadores costumam ser maiores do que suas presas, precisam de mais de um indivíduo para completar seu ciclo e matam as presas antes de completar todo o ciclo. A tecnologia de multiplicação e liberação de organismos macrobiológicos costuma ser mais complexa do que a produção de microrganismos, que são vendidos em formulações em pó ou granulado.
No caso do Trichogramma galloi, os técnicos da Bug precisam criar em laboratório tanto as vespas quanto os hospedeiros alternativos, as traças. No início do processo indivíduos adultos da traça são colocados para acasalar em caixas plásticas contendo farinha de trigo e levedura – essa mistura é a dieta das traças. Nesses recipientes as fêmeas colocam seus ovos, que, numa etapa posterior, serão parasitados pela vespinha T. galloi. Após a emergência dos primeiros adultos da traça, eles são separados, peneirados para a eliminação de restos de farinha e transferidos para caixas coletoras de ovos. Essas caixas são produtivas por cinco a sete dias, período de vida das traças adultas, quando os ovos desse inseto são recolhidos e esterilizados com luz ultravioleta, inviabilizando o embrião da traça. Em seguida, os ovos são oferecidos à vespinha, que põe de um a dois ovos dentro do ovo da traça.
Os ovos parasitados são colocados em embalagens perfuradas criadas e patentea-das pela Bug. Elas são feitas de cartelas biodegradáveis formadas por três camadas superpostas de papelão. A camada intermediária tem “túneis” milimétricos, que formam cápsulas capazes de armazenar 2 mil ovos. As cartelas são vendidas aos agricultores, que as instalam na planta. Depois que as vespinhas eclodem dos ovos, elas saem voando pelos furinhos da cartela (veja o infográfico no fim da matéria). “A liberação deve ser feita semanalmente, durante três semanas seguidas, numa média de 50 mil vespas por hectare. Como o inseto só voa 10 metros durante sua curta vida, de uma semana, as cartelas precisam ser posicionadas num raio de 20 metros uma das outras”, explica o sócio da Bug.
Quando a fêmea adulta do Trichogramma encontra os ovos da broca-da-cana, ela os parasita, inoculando dentro deles seus próprios ovos. Com isso, impede que a lagarta se prolifere. Em sua forma adulta, a broca é uma mariposa de hábitos noturnos, de cor amarelo-palha. As fêmeas colocam os ovos nas folhas. As lagartas, depois de algum tempo, penetram na cana, onde se abrigam e se alimentam, prejudicando o canavial.
A cultura da cana é a que mais utiliza o controle biológico de pragas no Brasil. “Há cerca de 50 anos os agricultores empregam essa tecnologia e já incorporaram a atividade no seu modo de produção”, diz Parra. A vespa Cotesia flavipes, que também parasita a broca-da-cana, é o inseto mais usado no combate a essa praga. A diferença é que ela ataca a lagarta, enquanto o Trichogramma parasita os ovos antes da eclosão da lagarta. Estima-se que 4 milhões de hectares de canaviais – cerca de 50% da área cultivada – são tratados com as vespas Cotesia e Trichogramma e com o fungo Metarhizium anisopliae. Este último combate duas outras pragas, a cigarrinha-das-raízes e a cigarrinha-das-folhas.
Estudos revelam que a associação de T. galloi com C. flavipes tem garantido resultados excelentes. “Em áreas onde a infestação supera os 15% da plantação, o uso concomitante das duas vespinhas é uma prática rentável. Liberando-se por três semanas seguidas Trichogramma e, logo após, por duas semanas Cotesia, é possível evitar perdas de R$ 935,00 por hectare, descontando o investimento. Caso o agricultor opte por usar apenas Cotesia, a redução de perda cairia para R$ 674,00 por hectare”,
O controle biológico também está presente em mais de 2 milhões de hectares de soja – cerca de 8% da área total do plantio no país. O produto mais usado é o fungo Trichoderma harzianum, que combate o mofo branco, doença causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum. Em cerca de 18 mil hectares são usadas a vespa T. pretiosum no controle das lagartas desfolhadoras e a vespa Telenomus podisi, que parasita ovos de percevejos. “A cultura de soja tem um potencial fantástico para o controle biológico, especialmente depois da proibição do uso do agrotóxico endossulfam, empregado para o controle de percevejo. Sem esse inseticida, a cultura fica sem muitas opções químicas para combater a praga
Na cultura do milho, os agricultores utilizam em 20 mil hectares (menos de 1% do total) a vespa Trichogramma pretiosum contra a lagarta-do-cartucho e a T. galloi contra a broca-da-cana, também comum em milharais. Em 3 mil hectares de plantio de tomate, a vespa T. pretiosum é empregada no controle de lagartas desfolhadoras. Florestas de pinus também recorrem ao controle biológico para combater a vespa-da-madeira e as lagartas desfolhadoras. Segundo a bióloga Susete Penteado, da unidade Embrapa Florestas, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, no Paraná, cerca de 1 milhão de hectares de plantações de pinus – metade da produção nacional – são tratados com o nematoide Deladenus siricidicola. Esse verme, de dimensões microscópicas, ataca a vespa-da-madeira, esterilizando as fêmeas do inseto.
Revista Fapesp. 

Plano do Incra levou os primeiros colonos no fiinal dos anos 70

A histótira de ocupação do médio norte-mato-grossense remonta ao final dos anos 1970, quando os primeiros colonos vindos do Sul-Rio Grande do Sul- Santa Catarina e Parana-desembarcaram na região
Segundo fontes da Embrapa, eles foram encorajados por um plano de assentamento do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), é bom saber o significado da sigla, que lhes facilitava a aquisição dos lotes de terra e financiamento. Na época, segundo a mesma fonte, 200 hectares de terra virgem eram compardos por um valor atualizado de 30 mil reais; hoje, esse mesmo lote em plena atividade vale cerca de 6 milhões de reais.
Não havia energia elétrica, as estradas eram de terra e chegar até Cuiabá levava quase uma semana. O processo de ocupação resultou na criação de dezenas de municipios. Segundo fontes não oficiais foi desmatada 80% da área. E fez-se uso de muito fertilizante, uma vez que o solo de transição entre o cerrado e a floresta amazônica, não é muito rico. O que viabilizou sua utilização foram os estudos da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agrapecuária) e unioversidades públicas. E, sobretudo, o clima com estações do ano definidas. A tropizalização da soja e de outros grãos é um processo inteiramente concebido por instiuições de pesquisas brasileiras e a produção muito acima dos níveis da área plantada é fruto do trabalho dos técnicos brasileiros. Nessa região cerca de 90% da soja é transgênica. Mas segundo fonte da Embrapa, entre a soja transgênica e convencional, não existe o bom e o ruim. É preciso gerar tecnologia para ambas. Os europues preferem a soja convencional, ao passo que o chineses preferem a transgênica. Os custos de produção são semelhantes. Contudo, no caso da transgênica, o produtor para royalties pela semente desenvolvida e pelos defensivos agrícolas, o que é tema de acalorado debate.
Fonte: Folha de São Paulo. 27-05-2012